Três Histórias de Vento
Federico García Lorca
I
O vento corria rubro
pela encosta em chamas;
súbito ficou verde, verde,
ao longo do rio.
Logo ficará violeta,
amarelo e...
sobre a semeada
o arco-íris pousará.
II
Vento estancado,
o sol se levanta;
lá em baixo
as algas trêmulas,
os sargaços.
Vento estancado
às cinco da tarde,
sem pássaros.
III
A brisa é ondulada
como os cabelos
de algumas meninas.
Como poças d’água
em tábuas velhas.
A brisa brota como água
e se espalha
como bálsamo suave
pelas ravinas,
e desfalece
ao se chocar com a rudeza
da montanha.
Federico García Lorca, nasceu e faleceu nos arredores de Granada. Grande da poesia espanhola, grande da poesia de todas as partes, grande como ser humano, como poeta, como dramaturgo. Socialista e republicano, homossexual, Lorca foi perseguido pelos ‘nacionalistas´do general Francisco Franco sob a alegação de ser comunista, o que não era. A acusação, hoje vista como condecoração, foi que ele era “mais perigoso com sua caneta do que outros com um revólver”. Preso, foi assassinado com um tiro na nuca em 19 de agosto de 1936, aos 38 anos. Autor de poemas magníficos, como o ‘Romancero Gitano’, teve peças encenadas com muito sucesso quando ainda vivia e que fazem parte do repertório de qualquer companhia teatral de respeito, no mundo inteiro, como ‘A Casa de Bernarda Alba’, ‘Yerma’, ‘Bodas de sangue’, ‘Dona Rosita, a solteira’ e outras.
O generalíssimo fica na História como caudilho. García Lorca como o poeta.
sábado, 5 de maio de 2007
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