quarta-feira, 2 de maio de 2007

Guernica ‘revisitada’ 70 anos depois da tragédia

Pablo Picasso
Em 27 de abril, quatro dias atrás, o bombardeio de Guernica, cidade santa dos bascos, completou 70 anos. A Espanha encontrava-se sob Franco. A Alemanha, sob Hitler. E a Itália, sob Mussolini. Transformada num misto de exemplo e campo de experimentos nazi-fascistas, Guernica, habitada por cerca de 7.000 pessoas, foi bombardeada e metralhada por 42 aviões. Ficou reduzida a chamas, destroços e corpos.
Em Crime e Castigo, Dostoievski (1821-1881), como que antevendo atrocidades à Guernica, anotara: “Decididamente, não compreendo por que é mais glorioso bombardear de projéteis uma cidade assediada do que assassinar alguém a machadadas.” Pois bem, ainda hoje o homem continua vendo glória onde não há senão atrocidades.
Há no mapa um sem-número de neo-Guernicas. O jornalista Faust Giudice contabiliza pelo menos sete: Gaza, Tel Afar, Faluja, Samarra, Najaf, Grosny e Kandahar. Assim, nada mais apropriado do que rememorar o flagelo espanhol. Convocados pelo sítio Tlaxcala, que abriga uma rede de tradutores voluntários, sete artistas produziram imagens que atualizam a tragédia de 70 anos atrás, transpondo-a para os dias que correm.
Os trabalhos não têm a vitalidade plástica da Guernica original, a famosa pintura de Picasso (veja lá no alto). Mas servem para reiterar que, depois de sete décadas, o homem continua dando as “machadadas” de que falara Dostoievsk. A Guernica de Picasso –com seus oito metros de largura por três e meio de altura—, foi um grito. As sete miniaturas de 2007 são evidências de que o berro ainda ecoa.
No Brasil, as peças inspiradas em Guernica foram reproduzidas pelo sítio Via Política. Vão abaixo três exemplares. Pressionando aqui, você vê todas elas. O sítio Tlaxcala providenciou, de resto, a tradução, para seis idiomas, de um texto histórico. Trata-se da reportagem escrita em 1937, em inglês, pelo jornalista sul-africano George Steer, enviado especial a uma Guernica devastada pela esquadrilha nazi-fascista.
O texto foi publicado no dia seguinte ao bombardeio pelos diários The Times e New York Times. Leia aqui a versão em português, produzida por Sylvia Bojunga.

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