quarta-feira, 26 de março de 2008

Municípios garantem o direito de aprender

EDUCAÇÃO
O que faz com que uma rede municipal de educação garanta a cada um de seus alunos o direito de aprender? A pergunta orientou a pesquisa Redes de Aprendizagem ― boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender, em que pesquisadores do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) identificaram 37 redes municipais de ensino, espalhadas pelo país, que asseguram o aprendizado de qualidade mesmo em condições adversas.O estudo foi apresentado durante o 3º Fórum Nacional da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em Brasília, nesta terça-feira, dia 25. A publicação Redes de Aprendizagem é resultado de parceria entre o Unicef, o Ministério da Educação, Undime e o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).
A partir de visitas de campo às redes bem-sucedidas, os pesquisadores descobriram dez boas práticas e ações de aprendizagem que, combinadas, garantiram às redes municipais desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) acima da média nacional, com 3,8, numa escala de zero a dez.Em todos os casos exemplares, foram identificados dez pontos presentes na maioria das redes. Trata-se de um conjunto de ações e práticas articuladas que estão em sintonia com o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). São eles: foco na aprendizagem, consciência e práticas de rede, planejamento, avaliação, perfil do professor, formação do corpo docente, valorização da leitura, atenção individual ao aluno, atividades complementares e parcerias.
Além dos dez fatores apontados, a pesquisa identificou sete outros aspectos considerados importantes, mas citados por um número menor de redes. São eles: acesso à Educação Infantil, interação com as famílias e a comunidade, prática por projetos, respeito ao tempo escolar, infra-estrutura, perfil e papel da direção escolar e plano de carreira, cargos e salários.
Também foram levantados alguns dos desafios que essas redes enfrentam na busca da qualidade da educação. Entre eles estão a gestão participativa, a qualificação dos funcionários, a integração com a rede estadual e inclusão de alunos com deficiência.
Para a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, as boas práticas devem ser disseminadas. “A pesquisa é importante para iluminar as boas experiências do Brasil e possibilitar que outras redes conheçam e aprendam com elas”, disse.
Cruzamento de informações - As redes foram escolhidas com base no cruzamento de informações socioeconômicas dos alunos, com informações dos municípios e com a nota do Ideb de cada rede. Os municípios visitados possuem características diversas, com população que varia de seis mil a 788 mil habitantes e estão localizados nas cinco grandes regiões do país.
Dessa maneira, essas redes municipais representam e incorporam a diversidade e os desafios para se garantir o direito de aprender nos 5.564 municípios brasileiros. Para entender os motivos do sucesso dessas iniciativas, foram entrevistados secretários de educação, coordenadores pedagógicos, professores, alunos, pais, funcionários e membros do conselho escolar. Cada um deles apontou as razões que acreditam ter sido importantes para o aprendizado de qualidade dos estudantes das escolas públicas municipais.
“A pesquisa constatou que essas 37 redes têm em comum o compromisso com a aprendizagem de cada um de seus alunos e alunas”, afirmou a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier. “Esse compromisso se expressa na consciência e na atuação da rede, que enfrenta os desafios e busca soluções de forma efetivamente solidária”, completou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro e dileto Rocha,
Muito interessante o resultado desta pesquisa, porém, ainda continuo com uma grande preocupação, pois no Brasil a educação ainda não é considerada como um processo, e como tal, o planejamento da educação deveria ser feito de forma a interligar o ensino fundamental, básico, médio e superior. Como educador no ensino superior há 9 anos percebo que os alunos chegam a faculdade sem uma base mínima necessária para a construção de um raciocínio crítico tão necessário nessa fase da vida.

Abraços,

Sérgio Gabriel

Luís Carlos Rocha disse...

Caro Gabriel,

Defato ainda temos um longo caminho a trilhar nesta área, mas inciativas como esta mostram uma nova realidade na nossa educação. A esperança é que possamos avançar paulatinamente para o estado da educação completa e de qualidade.

Abraço.