São Paulo saiu dos primeiros lugares no ranking das cidades de ar mais sujo do mundo. O grande vilão do passado, o monóxido de carbono (CO) emitido pelos carros, parece sob controle mesmo com uma frota que aumenta 500 mil unidades ao ano. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, existem 45 cidades no mundo com ar mais envenenado que o de São Paulo (a maioria na Ásia e 14 na América Latina), considerando-se a concentração das chamadas partículas inaláveis (MP10), outro poluente que vem dos escapamentos. Nas emissões de dióxido de enxofre (SO²) - gás que agrava doenças respiratórias e cardiovasculares e arruina safras agrícolas ao formar a chuva ácida -, São Paulo está em nono lugar.
Há dez anos, as concentrações de MP10 no ar da região metropolitana ultrapassaram 162 vezes o padrão considerado adequado - isto aconteceu apenas duas vezes em 2006. Para ozônio (O³), a qualidade do ar foi inadequada ou má por 219 vezes em 2002, número que caiu para 90 em 2006; para monóxido de carbono (CO), foram 65 vezes em 1997, apenas uma em 2005 e sete em 2006, o pior ano da década em condições meteorológicas para dispersão de poluentes.
Não que o ar da cidade tenha alcançado padrões dos Alpes suíços, longe disso. Os paulistanos vivem menos do que os europeus também porque respiram ar mais poluído. Duas milhões de pessoas no mundo têm a vida encurtada por conta disso, gente que vive em núcleos urbanos com sistemas de transporte público precários e processos industriais sujos, diz o patologista Paulo Saldiva, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador do laboratório de Poluição Atmosférica da USP.A OMS criou uma métrica econômica, a Disability Adjusted Life Years (Daly), para identificar quanto se perde por uma incapacidade de saúde das pessoas. Por este raciocínio, diz Saldiva, a região metropolitana de SP perde US$ 400 milhões ao ano por mortes provocadas por doenças cardiovasculares, asma, bronquite crônica e câncer de pulmão. A conta não considera gastos com remédios, internações ou outra vertente, mas apenas a perda econômica provocada pelas pessoas que deixaram de produzir porque tiveram a vida abreviada. - Valor Econômico, hoje.
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