Cientistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriram os caminhos que o vírus da gripe percorre durante o ano, contaminando o mundo inteiro. Sabemos que, no outono e inverno, ocorrem surtos de gripe e promovemos o uso da vacina, principalmente entre idosos, pois acima de 60 anos existe um risco maior de a gripe evoluir para uma pneumonia. Essa é a razão de existir uma campanha nacional de vacinação para o idoso.
Todas as pessoas acima de 60 anos devem tomar a vacina contra a influenza, que causa a gripe, e contra o pneumococo, o agente da pneumonia. Pessoas de outras idades podem tomar a vacina, se quiserem. Com as campanhas anuais, o Brasil reduziu em 50% os casos de gripe e em 32% os de internações por pneumonia. Também reduziu em 31% o número de mortes por essas causas na “melhor idade”.
A campanha é regular no Brasil desde 1999. Neste ano, inicia-se em 26 de abril e vai até 9 de maio. Pretende dar cobertura a 80% desta população, com mais de 60 anos, de 14,5 milhões de pessoas. É, portanto, uma das maiores campanhas de vacinação regulares de adultos no mundo.
Hoje, a vacina é constituída de tipos do vírus influenza que já estão mortos e, portanto, não causam gripe. Mas eles são o suficiente para promover imunidade do organismo contra a moléstia. A vacina não traz riscos e só as pessoas que sabem que têm alergia à proteína do ovo é que não podem tomá-la.
Infelizmente, não é possível colocar todos os subtipos de vírus na vacina. Elas são fabricadas com os vírus que tiveram maior circulação no Hemisfério Sul. Isso não garante que o vírus da próxima epidemia de gripe será o que está presente na vacina. A escolha dos subtipos a ser colocados na imunização depende de coletas do vírus influenza feitas em fevereiro e setembro pela OMS. E os epidemiologistas escolhem os tipos de vírus a ser incluídos na vacina daquele ano.
Sabemos que essas epidemias se iniciam no Leste e Sudeste da Ásia e, durante o ano, o vírus viaja de carona no corpo de humanos gripados, que infectam os semelhantes por onde passam. As epidemias anuais de influenza contaminam de 5% a 15% da população mundial. São de 3 milhões a 5 milhões de casos graves ao ano, responsáveis por 250 mil a 500 mil mortes. As campanhas mundiais somadas dão cobertura a 300 milhões de habitantes.
Não sabemos ainda o porquê de a gripe ocorrer em épocas de frio nos países de clima temperado e nas épocas de chuva nos países tropicais. Mas essa variação climática faz com que o vírus que surge na Ásia encontre uma onda de fatores favoráveis à sua sobrevida.
Um grupo de cientistas do Japão, da Europa e dos Estados Unidos, reunidos no Centro de Investigação de Influenza da OMS, analisou 13 mil amostras de um subtipo do vírus influenza A (conhecido pela sigla H3N2) em seis continentes, entre 2002 e 2007. Compararam as diferenças genéticas dos vírus encontrados em cada região do mundo. A pesquisa monitorou o trajeto percorrido e identificou o tempo que um subtipo de vírus demora para atingir o mundo todo.
O pesquisador Collin Russell, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, explica que novos vírus aparecem na Ásia e vão depois para a Europa, chegando lá em seis meses. Depois, demoram entre seis e nove meses para atingir os Estados Unidos e mais vários meses para chegar à América do Sul e, então, desaparecer para dar lugar a novos subtipos.
O vírus da gripe que deverá nos atingir este ano é o mesmo que surgiu há um ou dois anos na Ásia. Dessa maneira, há tempo suficiente para criarmos uma vacina eficiente. E isso também mostra que as vacinas importadas da Europa devem funcionar só para as gripes do próximo ano. Como diz o lema da campanha deste ano: “Não deixe a gripe derrubar você. Vacine-se”. - Rogério Tuma, Carta Capital
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