quarta-feira, 25 de junho de 2008

Governo Federal apresentará em Angola seu Portal do Software Público


“A experiência do Software Público Brasileiro (www.softwarepublico.gov.br) será apresentada no continente africano durante o 1º Fórum de Software Livre de Luanda http://www.fsl-luanda.com/, que ocorre entre os dias 26 e 27 de junho, em Angola.
Além da apresentação sobre a organização e o funcionamento dessa iniciativa, prevista para o primeiro dia do evento, também serão realizadas reuniões entre o governo brasileiro e o angolano para tratar de ações de compartilhamento e colaboração de soluções entre os dois países.
O Portal do Software Público é coordenado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento. Na avaliação do coordenador do portal, Corinto Meffe, a experiência de compartilhamento inaugurada pelo governo brasileiro tem chamado atenção de outros países. “Não se trata somente de disponibilização de soluções, mas de uma preocupação com o todo o ecossistema que envolve a produção de softwares, ou seja, com a demanda por soluções, por prestadores de serviço e pela cadeia de desenvolvimento”, destacou Meffe.
A experiência do Portal do Software Público Brasileiro também será apresentada neste ano em eventos na Argentina, Peru e Venezuela. A iniciativa conta com mais de 22 mil usuários, 15 soluções disponibilizadas e mais de 110 prestadores de serviços já cadastrados.
Outra iniciativa brasileira que estará em destaque no Fórum em Luanda é do Mercado Público Virtual (www.mercadopublico.gov.br). O espaço é coordenado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD), em parceria com a SLTI, e foi organizado para facilitar o acesso aos prestadores de serviço para as soluções públicas e livres que se encontram no Portal do Software Público. A intenção é fortalecer o contato entre o usuário que demanda por determinada solução e a oferta de serviços.” - Coordenação do Portal do Software Público (guialivreΘplanejamento·gov·br)

Presidente Lula reajusta em 8% benefícios do Bolsa Família

O valor máximo do benefício do programa Bolsa Família pago às famílias com renda mensal de até R$ 60 vai subir, a partir de julho, dos atuais R$ 172,00 para R$ 182,00. Com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reajustar em 8% os benefícios do programa, o valor mínimo pago às famílias pobres do país também vai passar de R$ 18,00 para R$ 20,00.

O programa Bolsa Família reúne três tipos de benefícios. Pelo tipo básico, o pagamento é de R$ 58,00. É destinado às famílias consideradas extremamente pobres, aquelas com renda mensal de até R$ 60 por pessoa.
Nas famílias com renda per capita entre R$ 60 e R$ 120, o benefício é de R$ 18 --limitado a três crianças e adolescentes --que subirá para R$ 20. O valor máximo do benefício vai saltar de R$ 172 para R$ 182 àquelas famílias com renda até R$ 60, com mais de três filhos que recebem o benefício para básico, além de dois jovens matriculados regularmente nas escolas.
O benefício do tipo que considera o número de adolescentes por família é no valor de R$ 30. É pago a todas as famílias ligadas ao programa que tenham adolescentes de 16 e 17 anos freqüentando a escola. Cada família pode receber até dois benefícios variáveis vinculados ao adolescente, ou seja, até R$ 60.
Com o reajuste, todos os beneficiários do programa terão aumentos --uma vez que os valores pagos pelo programa variam atualmente de R$ 18,00 a R$ 172,00, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças e adolescentes até 17 anos.

Pedágio nas rodovias paulistas sobe até 20%

As tarifas de pedágio nas rodovias do estado de São Paulo (as mais altas do Brasil) concedidas à iniciativa privada terão reajuste de até 20% a partir de 1º de julho, terça-feira. A tabela com os novos valores que serão cobrados dos motoristas foi divulgada ontem pela Artesp (agência que controla as concessões), ligada ao governo José Serra (PSDB). O posto de cobrança individual mais caro do Estado, no sistema Anchieta-Imigrantes, vai subir de R$ 15,40 para R$ 17 – aumento de 10,39%. Nas marginais da Castello Branco, a tarifa unitária para os veículos de passeio sobe 12,5%, de R$ 5,60 para R$ 6,30. O reajuste é previsto nos contratos firmados desde 1998 e toma por base a variação do IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas, durante 12 meses.

Crédito atinge R$ 1 trilhão em maio e chega a 36,5% do PIB

O saldo de operações de crédito no sistema financeiro brasileiro atingiu R$ 1,044 trilhão em maio, o que significou um crescimento de 2,6% sobre o total emprestado em abril e uma alta de 32,4% nos acumulado dos últimos 12 meses. De janeiro a maio deste ano, o estoque de crédito no País cresceu 11,6% em relação ao mesmo período de 2007. O volume das operações de crédito com recursos livres somou R$ 746,5 bilhões em maio, com avanço de 2,9% no mês e de 36,1% em 12 meses. Já as operações de crédito com recursos direcionados (que têm vinculação obrigatória com determinadas modalidades) somaram R$ 297,858 bilhões, com alta de 1,9% no mês e de 24% em 12 meses. O total de operações de crédito representou em maio 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 36,2% do PIB no final de abril. Em maio do ano passado o estoque de crédito representava 31,9% do PIB. As operações de leasing totalizaram em maio R$ 86 bilhões, equivalente a um crescimento de 5,8% ante abril e de 105,4% em 12 meses. As operações que mais cresceram foram as de leasing para pessoas físicas, com alta de 8,9% no mês e de 128,6% em 12 meses, totalizando R$ 42,387 bilhões. O leasing para pessoas jurídicas subiu 2,9% no mês e 86,9% em 12 meses, atingindo R$ 43,619 bilhões. O crédito para pessoa física já dá sinais de desaceleração, na avaliação do Banco Central (BC). Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os números mostram que as famílias continuam tomando empréstimos, mas em ritmo menor que o de alguns meses atrás. Nas transações voltadas às empresas, porém, o ritmo continua forte, ante a demanda interna aquecida e o menor uso do mercado de capitais.

Cai o risco de racionamento de energia em 2009 e 2010

Diminuiu o risco de racionamento de energia em 2009 e 2010, informou ontem o Instituto Acende Brasil, que representa os investidores privados do setor elétrico. Estudo feito com a Consultoria PSR indica que, com base nos dados atuais e em um cenário de referência, o risco de o País ter racionamento em 2009 caiu dos 7,5% divulgados na pesquisa de fevereiro para 3%. Os riscos para 2010 foram reduzidos de 9,5% para 5%. Os riscos estão no limite da tolerância de até 5% que o governo trabalha. O cenário de referência do Acende Brasil considera um aumento da demanda por energia de 5,1% ao ano e o cumprimento no cronograma de entrada de novas usinas. O presidente do instituto, Cláudio Sales, afirmou que a redução dos riscos reflete a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, obtida com o acionamento das usinas termelétricas. - DeFato

Infra-estrutura deve receber R$ 86,6 bilhões este ano

A estimativa é da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria de Base (Abdib), o que representa um aumento de 3% em relação ao realizado em 2007, segundo o estudo "Necessidade e Realidade de Investimentos em Infra-Estrutura". De acordo com o presidente da entidade, Paulo Godoy, o valor previsto para este ano corresponde a cerca de 80% das necessidades do país. Do total, o setor de petróleo e gás natural, incluindo as áreas de exploração, produção, abastecimento e energia térmica, exige R$ 41,4 bilhões anualmente em investimentos. Para a área de energia elétrica, incluindo as áreas de geração, transmissão e distribuição, requer investimentos de R$ 21 bilhões por ano. Para os transportes, R$ 21,8 bilhões, incluindo rodovias, ferrovias, portos, hidrovias, aeroportos, metrôs e transporte urbano sobre trilhos, e para as telecomunicações R$ 13,5 bilhões por ano. O setor de saneamento básico fecha a lista com R$ 10,5 bilhões por ano. Ainda segundo o estudo, todas as áreas relacionadas à infra-estrutura do país receberam investimentos de R$ 338,3 bilhões, entre 2003 e 2007. - DeFato

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Justiça Eleitoral veta obra e Exército deixa morro no Rio
Agora S.Paulo: Pedágios nas estradas paulistas sobem 11,5% na terça-feira
O Estado de S.Paulo: Donos da Varig têm dívida de R$ 377 milhões com a União
Jornal do Brasil: Exército esconde dados sobre tráfico
O Globo: Juiz pára obra de Crivella por uso eleitoral e o Exército sai
Gazeta Mercantil: Petrobras admite criação de sociedade para explorar pré-sal
Valor Econômico: Indústria de fertilizantes antecipa investimentos
Estado de Minas: Violência viaja para o interior
Jornal do Commercio: Brasil é 3º país com maior crescimento de fortunas
Correio do Povo: Morre Ruth Cardoso
Zero Hora: Sindicância do governo do Estado responsabiliza 47 por fraude no Detran

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Cinema: Antes Que o Diabo Saiba que Você Está Morto


Sinopse: Dois irmãos planejam assaltar uma joalheria e assim resolver seus problemas financeiros. Só que a loja pertence aos pais deles.


O veterano cineasta Sidney Lumet andava meio sumido das telas brasileiras. Seu último trabalho a chegar aos cinemas do país foi a refilmagem de Glória (1999). Mas com seu recente Antes que o diabo saiba que você está morto, ele retorna em grande estilo, com um de seus melhores longas.
Protagonizado por Albert Finney, Philip Seymour Hoffman e Ethan Hawke, este é um drama familiar que se esconde sob a aparência de filme policial. A trama é apresentada fora da ordem cronológica, com letreiros indicando um período que vai desde quatro dias antes de um assalto até uma semana depois dele. A ação que desencadeia a narrativa é o roubo de uma joalheria. Seria algo até ordinário, não fosse o fato de o golpe ser planejado pelos filhos dos proprietários.
Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto é a narrativa de uma descida ao inferno, do ponto de vista espiritual, moral e físico, de uma família aparentemente normal. A grandiosidade com que os temas são abordados – em especial a lealdade e a traição – dá um tom sombrio, que conduz a questionamentos de grandes proporções. O roteiro é assinado pelo estreante Kelly Masterson – um ex-franciscano que parece conhecer bem o conflito entre as coisas mundanas e os dilemas morais.
As relações entre os personagens são reveladas aos poucos, expondo uma rede de traições e mentiras dentro da família. Andy (Hoffman) trabalha numa grande empresa imobiliária, mas as coisas não andam muito bem. Um dinheiro extra viria a calhar. Ele chama o irmão Hank (Hawke) para ajudar num roubo. Este, porém, fica com medo, e delega a função a um amigo. O alvo é a loja dos pais (Finney e Rosemary Harris). O plano não dá certo e começa então uma cadeia de incidentes que vão, aos poucos, destruindo a família.
Ao longo de sua carreira de quase 60 anos, Lumet tornou-se um ícone para o cinema, influenciando gerações. Seus grandes trabalhos (Rede de Intrigas, Um Dia de Cão, Serpico) aconteceram especialmente na década de 1970, a maioria deles baseados em histórias reais. Aqui, porém, ele constrói uma ficção povoada de personagens que parecem gente de verdade – embora, nenhum deles seja simpático ou tenha o mínimo de altruísmo.
Um personagem comenta meio ao acaso que ‘este mundo é um lugar mau’ – não tão ao acaso, essa afirmação é, aos poucos, comprovada. Outra máxima que ganha vida em Antes Que o Diabo Saiba que Você Está Morto é que ‘o crime não compensa’. Há muito tempo, nenhum filme provava isso com tanta propriedade. - Alysson Oliveira, Cine Web.

Partido dos Trabalhadores fará a festa no interior

Quatro anos depois de perder a Prefeitura de São Paulo, a mais importante do país, o PT está confiante de que terá um desempenho eleitoral superior ao de 2004, quando elegeu cerca de 400 prefeitos, mas colheu um resultado aquém do esperado nas capitais. Para o cientista político Alberto Carlos de Almeida, do Instituto Análise, autor do livro A cabeça do eleitor, o otimismo tem fundamento: o PT deve eleger cerca de 15% dos prefeitos do país, duplicando o número de cidades que administra, embora, como em 2004, predomine o crescimento em pequenos e médios municípios.
O maior trunfo petista é a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, que lidera a disputa em São Paulo e pode voltar à prefeitura favorecida pelo confronto entre o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2004, Marta foi derrotada pelo atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que fez da gestão municipal um trampolim para chegar ao Palácio dos Bandeirantes. Agora, Marta adota a mesma estratégia, mas pode alçar vôos mais altos em 2010 se ganhar a eleição, pois passaria a ocupar o primeiro lugar na fila de possíveis candidatos petistas à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. - Correio Braziliense - 23/06/2008

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: PSDB lança Alckmin em convenção esvaziada
O Estado de S.Paulo: Serra promove acordo e PSDB confirma Alckmin
Jornal do Brasil: Chacina deixa sete mortos no Rio
O Globo: PM começa a substituir Exército na Providência
Gazeta Mercantil: PAC e eleições impulsionam venda de asfalto
Valor Econômico: Decreto de Lula eliminará restrição a portos privados
Estado de Minas: Anel da morte: como pôr fim à carnificina
Jornal do Commercio: Previ agora é mais vendedora
Diário do Nordeste: Feirantes travam confronto com a Guarda Municipal
Correio do Povo: "Anjo de Luz" naufraga em SC e mata cinco
Zero Hora: Tolerância zero ao álcool começa com a prisão de 45 motoristas no Estado

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Novo ciclo de riquezas virá com a potência do petróleo

Em mais de uma hora de conversa descontraída, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, relembrou sua trajetória da linha de frente do movimento sindical até os dias atuais, como ocupante do palácio do planalto em segundo mandato. Também vislumbrou o futuro próximo, com o sonho de eleger o sucessor e sair para viajar pelo Brasil e não mais voltar ao poder. Ao enfileirar suas conquistas, primeiro como sindicalista, posteriormente como presidente, deixa-se levar pêlos ares majestosos da democracia.

O regime de liberdade sindical e eleitoral propiciou ao País asfaltar o caminho no rumo do desenvolvimento ao mesmo tempo em que exigiu dos movimentos sociais posturas propositivas. "No sindicato nossa marca registrada era a contestação. Hoje todos têm que apresentar propostas", avalia o presidente Lula. Sobre as reivindicações agrárias afirma que muitos ainda não entendem que o problema agora é de natureza econômica e não mais de assentamento. "Precisamos dar condições para (os pequenos agricultores) produzirem e ganharem dinheiro. As pessoas têm que saber que ganhar dinheiro é bom." Mais uma vez, afirma que o governo se manterá distante da tramitação do projeto de substituição da CPMF. "Essa será uma decisão do Congresso e graças a Deus as instituições no Brasil funcionam exageradamente bem."

Junto com a estabilidade monetária, alcançada desde a chegada do real, a continuidade democrática começa a descobrir o Brasil como uma das grandes forças da economia mundial. "Estamos trabalhando com o cenário de que o País será a terceira ou quarta maior potência do petróleo no mundo, não somente com exportação de óleo bruto, mas sim com uma verdadeira indústria com valor agregado por trás", afirma o presidente da república.

Para aproveitar esse novo ciclo de riquezas, Lula adianta que está discutindo com sua equipe a criação de um novo fundo de combate a pobreza e investimentos em educação. Além disso, no campo da educação contabiliza que "em 93 anos, o Brasil construiu 140 escolas técnicas federais, em oito anos, vamos entregar mais 214 unidades", diz satisfeito. O presidente ainda soma os avanços que também chegam com o biodiesel (em seu gabinete possui um mostruário com todas as matérias orgânicas usadas no processo produtivo) para olhar com otimismo os desafios que se apresentam no horizonte internacional com o despertar da inflação. "Acho que resolveremos a questão dos preços dos alimentos e temos mais investimentos sendo aplicados. Esse consumo vai virar oferta e levar ao equilíbrio do desenvolvimento sustentado." O presidente Lula defende os gastos com a máquina pública e afirma que o servidor ainda ganha muito mal. "Não há como prestar um bom serviço sem investir." Ao prometer neutralidade nas próximas eleições municipais, nega enfaticamente que considera a Ministra Duma Roussef sua candidata e favorita à sucessão em 2010. No plano internacional não admite que torce, mas saúda a oficialização da candidatura de Barak Obama na corrida presidencial nos Estados Unidos.

O presidente Lula recebeu os jornalistas da Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil na manhã de sexta-feira passada em sua sala no palácio do Planalto em Brasília

Gazeta Mercantil — Há mais de vinte anos o senhor começou uma caminhada para chegar até aqui. Do que o senhor se lembra dessa época?

— Eu durante muitos anos fui o sindicalista do ano da Gazeta Mercantil. E o António Ermírio era escolhido o empresário do ano. E eu também sempre tive uma relacionamento muito forte com o JB, que tinha um diretor em São

Paulo chamado João Batista Lemos. Foi quando começaram as greves do ABC. O JB tinha uma cobertura quase privilegiada. Não só pela minha amizade com o Lemos, como também porque o jornal tinha uma sucursal muito forte. Tem até uma história muito curiosa. Quando estive preso, ouviram pessoas me procurando na delegacia dizendo que "o chefe" queria falar comigo. "O chefe, o chefe, o chefe". Aí criaram essa história de que era o ministro Golbery do Couto e Silva, do governo. Nada disso. "O chefe" era o Lemos. O pessoal dele que entrou na delegacia dizendo que ele queria falar comigo. Só isso. Acho que, na época, o JB era o jornal que tinha mais atuação no ABC, era o mais lido na época O jornal tinha uma cobertura sindical forte. Tinha também, naquela época, uma cobertura muito forte de igreja.

GZM — Igreja e sindicalismo, eram coberturas muito fortes...

— Aquele momento também era de muita ebulição. De muitas conquistas. Pega o sindicato de São Bernardo do Campo. Para distribuir um jornalzinho do sindicato você tinha que enfrentar a ira de um coronel que chefiava a segurança da Volkswagen. Eles cercavam o pátio, a gente chegava com o caminhão, dava marcha a ré e quebrava aquela coluna Para o trabalhador entrar com o boletim do sindicato, ele tinha que guardar por dentro da camisa, na barriga, com medo da segurança ver. Hoje você vai na Volkswagen, você vai na linha de montagem, vai passando jornalzinho para qualquer trabalhador pegar o seu.

GZM — O movimento ficou muito mais pragmático?

Em São Bernardo do Campo as comissões de fábrica funcionam para caramba, 90% dos processos são resolvidos dentro da fábrica. Teve um tempo desses aí que eles tiraram 600 processos da Justiça, fizeram acordo pela fábrica, foram na Justiça com a empresa para retirar o processo. E uma coisa interessante é que eles criaram um sistema de votação que a pelegada não aceita, que é o seguinte: o Luís Marinho era ministro. Se o Marinho quisesse continuar sendo diretor do Sindicato de São Bernardo, ou se ele fosse presidente da CUT, ele teria que ser votado no setor que ele trabalhava. Se os trabalhadores do setor não votassem nele, ele estava fora da CUT, estava fora do sindicato. Qualquer diretor. O seu João é o atual presidente. Se ele quiser ser presidente ele tem que ser votado na seção dele.

GZM — Além da votação geral.

— Primeiro é votado na seção dele, aí ele vai para a comissão. Aí da comissão se escolhe quem vai ser diretor. E aí vai para o geral.

GZM — O senhor diria que o sindicalismo se adaptou aos novos tempos?

— Acho que o sindicalismo teve uma evolução em suas conquistas. Os sindicatos podem transitar nas suas relações com o capital ou mesmo com o governo com mais facilidade. Hoje, para fazer uma greve, um sindicato organizado nem precisa convocar assembléia. Eu precisava passar uma semana gritando na porta de fábrica. Agora convoca-se a comissão de fábrica no mesmo dia- "quarta-feira, 8 horas vamos estar lá". O sindicalismo atualmente vem ao Congresso Nacional brigar por Imposto de Renda, os funcionários públicos estão aprendendo a brigar por aumento na hora de fazer o novo Orçamento da União. O movimento sindical nunca deu importância para o salário mínimo porque normalmente os trabalhadores dos sindicatos organizados ganham mais que o mínimo. Hoje o mínimo é uma coisa que mobiliza os trabalhadores. No meu tempo, qual era a nossa marca registrada? Era a da contestação. Não tinha compromisso com propostas. Só o de protestar. Hoje, e eu participei muito disso na década de 90, o movimento sindical tem que ser propositivo. Na medida em que as fábricas não vão ter mais a quantidade de trabalhadores que tinham — a Volkswagen tinha 44 mil trabalhadores c hoje tem 13 mil — os sindicatos têm que ser mais propositivos, têm que apresentar propostas. Esse negócio de carro flexifuel, por exemplo, tem muito a ver. O sindicato passou oito anos fazendo proposta de renovação da frota

GZM — As lideranças sindicais não parecem ter se renovado? Qual a sua visão sobre esse processo?

— Alguns sindicatos se renovaram muito. Eu considero o sindicato de São Bernardo o mais bem organizado do Brasil E isso desde que foi fundado em 1959, porque ele nasceu com muita força, pois foi fundado junto com a indústria automobilística Em 1978 eu convoquei uma assembléia para proibir que alguém fosse presidente mais do que dois mandatos. Temos isso desde aquela época Eu entrei no movimento sindical em 1969, fui presidente sindical em 75, sai em 80, já fui candidato à presidência da república por três vezes, perdi as três eleições, fui candidato a governador, já estou no segundo mandato e tem gente que ainda é dirigente sindical daquela época que ainda estava no sindicato. Então a renovação é extremamente importante para o movimento sindical. Eu diria que tem duas categorias muito bem organizadas no movimento sindical hoje, os bancários e os metalúrgicos, que têm mais força Depois vêm os professores em alguns estados, como São Paulo, e os petroleiros, que também são muito organizados.

GZM — Quem o senhor escolheria como sindicalista do ano hoje?

— Eu entendo que o presidente do sindicato de São Bernardo do campo, o Feijó, é o mais competente sindicalista que nós temos no Brasil hoje. Eu escolheria ele.

GZM — O movimento social não evoluiu da mesma maneira. O MST lembra muito isso que o senhor está dizendo, que é de se tornar uma máquina de protesto.

— E muito difícil você fazer movimento social, e até sindical, em época em que as coisas estão indo bem. Quando o Fernando Henrique Cardoso fez o Plano Real, fiz uma reunião com os sindicalistas, e disse: não estamos acostumados a trabalhar em época de inflação baixa. Na medida em que você tem inflação baixa e que o salário não é o primeiro item da pauta de reivindicações, pode diminuir a força do sindicato. Voltando à questão do movimento social. Na medida em que você tem um governo que atende às reivindicações, que faz as coisas que têm que ser feitas, que decide as políticas em conjunto, o movimento social também precisa avançar. No caso dos sem-terra, na hora que você tem geração de emprego, tem menos gente para os assentamentos. Na hora que você desapropria 35 milhões de hectares de terras, o volume é muito alto. Em cinco anos e meio nós desapropriamos 35 milhões de hectares de terra e o governo passado, em oito anos desapropriou 18 milhões de hectares. Chega um momento, quando você assenta 501 mil famílias, que o problema não é mais assentar. Nós tomamos na semana passada a decisão de fazer os assentamentos produzirem mais alimentos. Acabar com essa loucura de gastar dinheiro para desapropriar a terra. Chegou a hora de dobrar ou triplicar a produtividade das pessoas que estão no campo. Não podemos permitir que fiquem apenas naquela agricultura de subsistência. Precisamos dar às pessoas condições para produzirem e ganharem dinheiro. 'Elas têm que saber que ganhar dinheiro é bom. E eu acho que isso é que tentaremos fazer daqui para a frente. Obviamente que vamos continuar com os assentamentos, mas eu quero carrear mais recursos para assistência técnica, e para levar tecnologia para os agricultores e financiar mais tratores.

GZM — Se baixassem um pouquinho os juros, isso não ajudaria a aumentar a produtividade?

— Hoje aproximadamente 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não têm nada a ver com a taxa básica do Banco Central, a taxa Selic. Você tem dinheiro tomado por empresários no exterior com outras taxas de juros, você tem todo o dinheiro do BNDES - R$ 90 bilhões este ano - financiado com outra taxa de juros. O grande prejudicado com a Selic é o próprio Estado, porque aumenta a dívida pública. O problema é a inflação. E por que há inflação? Porque algum setor está aumentando o preço. Se ninguém aumentasse o preço, não teríamos inflação. Há setores que estão aumentando preços porque dependem de matéria-prima internacional, mas não isso não explica o aumento do feijão, do arroz, que são coisas nossas. No caso do aço, o minério é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há como acompanhar o preço internacional. Tenho dito, tanto para os empresários como para os agricultores: está na hora de vocês começarem a fazer um alerta importante aos setores que estão aumentando preços. E qual é a alegação para aumentar preços? Aumenta a demanda na construção civil, aumentam os preços. Os empresários deveriam ter um procedimento diferente. Na medida em que aumenta a demanda, não precisa aumentar o preço. Vocês vão ganhar mais pelo aumento do volume de vendas. Qual a certeza com que eu trabalho? Primeiro, eu acho que nós resolveremos a questão dos alimentos. Segundo, a questão da oferta. Precisamos aumentar a produtividade. Temos terra, temos água. Por isso vamos melhorar a produtividade, qualificar melhor nossos agricultores. A segunda coisa importante é que temos mais investimentos sendo aplicados. Nesse primeiro momento o investimento se transforma em consumo. Está sendo construída a usina da ThyssenKrupp no Rio de Janeiro. Então ali estão comprando telhas, cimento, ferro, tudo o mais, que aumenta a demanda. E só consumo. Mas se está construindo o pólo petroquímico no Rio de Janeiro. Daqui a algum tempo esse consumo vai virar oferta. E aí é que eu acho que a coisa encontra o equilíbrio, a fim de garantir o desenvolvimento sustentado do país. Trabalho sempre com a idéia de que o Brasil não precisa ficar com o trauma de que não pode crescer mais de 3% e nem o trauma de que precisa crescer 10%. O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5%, durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso, nós entraremos no rol dos países ricos.

GZM — O ministro da Fazenda, Guido Mantega, propõe a criação do Fundo Soberano para segurar a, inflação. Os economistas falam em controlar os gastos públicos.

— Por que nós criamos o Fundo de Soberano? Porque dá margem de manobra para você ter um dinheiro para facilitar os investimentos do Brasil no exterior e ao mesmo tempo ele dá uma margem de manobra com a arrecadação a mais, a fim de não colocá-la no custeio e ter um dinheiro à parte, que pode ser contado até como superávit primário. Fiz questão de elogiar o Mantega e a equipe dele, porque foi uma medida extremamente inteligente. Então, quando as pessoas falam que a máquina gasta muito, eu queria dizer o seguinte: quanto o Franklin Martins (ministro-chefe da Secretaria de Comunicação) ganhava na Rede Globo, ou quanto ele ganhava na TV Bandeirantes? E quanto ele ganha aqui? R$ 10 mil, para trabalhar certamente o triplo do que ele trabalhava. Ontem recebi o Ricardo Kotscho (ex-secretário de imprensa do Palácio). Está trabalhando num blog. Ele disse que nunca ganhou tanto dinheiro. Ficou três anos aqui ganhando R$ 7 mil. Eu tinha um cidadão da Petrobras, que saiu da Petrobras, chorou aqui nesta sala, grande companheiro. Eu achei que ele ganhava demais - R$ 26 mil por mês. Achei que era um baita de um salário. Ele saiu para ganhar R$ 200 mil por mês com dois anos de pagamento adiantado. E agora já saiu para ganhar R$ 400 mil. Você tem um grau de funcionários de alta qualidade neste país que ganha porcamente. O Estado precisa ter funcionários qualificados, bem remunerados, para dar o retorno para a sociedade. As pessoas perguntam, por que o Hospital Sarah Kubitschek funciona e as pessoas são felizes lá? Porque ganham bem, têm jornada de trabalho integral, não podem trabalhar em outro serviço.

GZM — Como o senhor vê as eleições nos Estados Unidos. Torce para alguém?

— Não, não posso dizer. O Monteiro Lobato escreveu que um dia haveria uma disputa entre uma mulher e um candidato negro nos Estados Unidos. E o que está acontecendo com o Barack Obama. Eu acho que é uma revolução na cabeça do eleitorado americano. Essa é a grande novidade desses últimos 100 anos da História. E Deus queira que, ganhando as eleições, ele possa ter uma política dos Estados Unidos diferente para a América Latina.

GZM — O senhor o conheceu pessoalmente?

— Não. Mas tem a vantagem que o Mangabeira Unger (ministro de Assuntos Estratégicos) foi professor dele em Harvard. E um companheiro, indiretamente... (risos)

GZM — O senhor o congratulou pela vitória nas primárias?

— Não. Até conversei com o Mangabeira, o ideal é esperar pelo final da campanha, para saber qual será a política dele para a América Latina, o que ele já fez com relação ao Brasil, quanto aos combustíveis de fontes renováveis. É um passo importante. A meu ver os Estados Unidos deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Hoje não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. Hoje todos os países estão participando de programas democráticos. Agora o que acontece é que os Estados Unidos, de um lado, têm a responsabilidade, o Brasil, de outro, tem a mesma responsabilidade, assim como o México, de contribuir para que essa região se desenvolva e possa evoluir em paz. Acho que o novo presidente deveria ter um olhar positivo para a América Latina e espero que tenha. O McCain também fez muitas visitas ao Brasil. Espero que ambos tenham um olhar diferente para a América Latina. A segunda coisa é a nossa política internacional. Eu me convenci de que o Brasil poderia ter uma inserção maior nas decisões do mundo e mudar um pouco a lógica do predomínio europeu. Era preciso criar alguma coisa nova. Foi um passo extremamente importante que nós demos, um passo extraordinário, e hoje o Brasil tem uma relação internacional, tanto política quanto industrial, muito diversificada.

GZM — Aqui no Brasil, o senhor acha que vai conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff em 2010?

— Eu não tenho candidato.

GZM — O senhor declarou há poucos dias que a Dilma está sendo atacada por ser a favorita.

— Não declarei isso. Estranhamente, isso surgiu quando disse no Rio de Janeiro, que Dilma era a mãe do PAC. Porque ela trabalha nesse PAC 24 horas por dia, porque ela controla todos os investimentos do PAC, ela que fica sabendo se é preto, se é roxo, ela é que chama os ministros, ela é que presta contas para mim a cada mês, é ela que presta contas para a imprensa. Depois que eu disse isso, talvez os adversários entenderam que era uma senha. E começaram a atacar a Dilma.

GZM — Estão atacando a Dilma por ela ser a favorita para ganhar as eleições?

— A minha idéia é construir uma candidatura da base do governo. Quero juntar todos os partidos. Acho que é plenamente possível. Você tem 27 candidatos a governador, 54 candidatos a senadores, você tem vices, cargo não falta para quem quiser disputar. Basta que as pessoas decidam claramente se querem disputar a eleição para ganhar ou se querem fazer aventura de ser candidato a qualquer preço. Eu, particularmente, trabalho com a hipótese de fazer a minha sucessão. Estou convencido que o tudo que estamos fazendo precisa continuar. Eu ainda não tenho candidato, não quero discutir isso. Agora, se você perguntar: "A Dilma tem competência?" Eu digo, tem, sim. Acho que tem pouca gente no Brasil hoje com a capacidade gerencial que a ministra Dilma tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico.

GZM — Qual legado o senhor entende que deixará ao sucessor?

— Vamos esperar 2010. Eu pretendo fazer uma inovação no final o meu mandato. No final do meu mandato eu quero pegar todas coisas que foram feitas. Cada ministério vai ter que me entregar tudo o que foi feito nesses últimos anos, registrar em cartório e me entregar, que eu quero entregar para o meu sucessor, quero entregar para a imprensa, registrado em cartório. Cada coisa que nós fizemos, cada obra, cada projeto, cada investimento, que é para não apagar a memória. Tudo isso está no computador. Se você entrar no computador hoje, isso aqui, que é um documento especial do presidente da República, se vocês entrarem no site, vocês terão todo dia, renovado todo mês, vocês entrarão no site do governo e terão tudo o que o governo está fazendo. E aí, sim, eu vou ter o legado. Eu vou ter o legado da recuperação da memória brasileira, quero ter isso na minha conta, quero ser o presidente que mais fez escolas técnicas neste país. Quero ser o presidente que no seu mandato fez mais universidades. Tudo isso, que mais melhorou a vida dos trabalhadores brasileiros, que mais estabeleceu relações com a sociedade. Acredito piamente que nós precisamos consolidar a mudança do padrão da relação entre o Estado e a sociedade. Veja uma coisa: na semana passada se criou uma celeuma se eu iria ou não à Conferência Nacional do Movimento GLBT. É um absurdo. Você imagina que o preconceito perpassa na cabeça de cada jornalista, a cabeça de cada interante do governo, a cabeça de cada pessoa, porque o preconceito é generalizado. Você imagina... Eu sou, na história do mundo, o primeiro presidente a ir a uma conferência em que você tem lésbicas, .travestis, homossexuais. E eu fui lá e se não tivesse escrito nos cartazes que era GLBT, eu sairia como se estivesse em qualquer outro encontro que não fosse desse movimento. Agora, nós criamos o preconceito. E eu dizia para eles: ninguém tem preconceito quando vocês vão votar. Ninguém tem preconceito quando vocês vão pagar Imposto de Renda. Eu acho o preconceito a pior doença na cabeça do ser humano.

GZM — Por falar em preconceito, no Rio de Janeiro, por exemplo, o PMDB e o PT romperam a aliança em torno da candidatura do petista Alessandro Molon. Motivo: existia uma grande dificuldade de acordo com o PT no interior do Estado. O senhor não acha que existe um certo preconceito do PT com os partidos aliados?

— Não vamos misturar divergências político-ideológicas com preconceito. São duas coisas distintas. O PT, como os outros partidos políticos tem os seus defeitos. Todo partido político, do A ao Z, todos gostariam de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice ser seu, a chapa de vereador ser puro sangue e eleger todo mundo. É bom que isso não seja sempre possível, para que nós possamos ter a cabeça arejada. Mas, infelizmente, não deu certo no Rio de Janeiro entre o PT e o PMDB, embora tenha dado certo em vários outros lugares.

GZM — Mas como o senhor vê o caso de Belo Horizonte?

— Sou um crítico do comportamento do PT em relação a Belo Horizonte. Você tem um problema local, que a direção municipal aprovou, a direção estadual aprovou, e a direção nacional parte para cima de uma briga que não é nossa. Ora, o candidato é do PSB, o vice é do PT, não vai ter coligação na chapa de vereadores, onde é que está o Aécio Neves a essa altura, senão apenas apoiando? Qual é o estigma, se nós temos em outros lugares aliança com o PFL e com o PSDB? Na política também quando você cria estigmas contra as. pessoas, você começa a perder. Eu ainda acredito que o PT vai voltar atrás no caso de Belo Horizonte.

GZM — E no caso do Rio?

— No caso do Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Eu não posso dizer que não deva ter porque o partido tem o governador do Estado, é forte, pode ter. Agora, o que eles têm que admitir é que o PT também tem que ter candidato. O que eu acho é que se todos tivessem juízo a base do PT se uniria com o candidato a vice e a prefeito, ganharia as eleições e ajudaria a transformar o Rio de Janeiro na Cidade Maravilhosa.

GZM — Isso vai fazer com que o senhor tenha que ficar neutro na disputa do

Rio

— Já tomei a minha decisão antes. Eu participarei muito pouco das eleições municipais em todo o país. O presidente da República não vai se meter nas eleições municipais, porque tem muitos deputados concorrendo às eleições. E a glória de quem ganhar vai ser dele, na cidade dele. Vai ter festa, não vou ficar nem sabendo. Mas os que perderem voltarão para cá azedos. E aí eu tenho que conviver com eles mais dois anos. Então eu preciso saber que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Eu preciso governar este país até 2010, com a tranqüilidade que estamos governando agora. Por isso não farei das eleições municipais um cavalo de batalha.

GZM — O que o senhor achou do depoimento da diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu?

— É como se alguém levantasse pela manhã, fosse fazer um suco de laranja e a laranja não tivesse suco. Ou seja, como é que podem alguns senadores passarem 9 horas naquela conversa com ela, sem nada. Espremiam, espremiam e, nada. Ò que deu? Qual é o resultado daquilo? Esse caso da Varig foi inteiramente cuidado por um juiz, começou e terminou. Não houve participação do governo, porque o governo não podia fazer nada. Estava na mão do Judiciário. Agora vêm as pessoas e dizem: mas o governo tinha pressa. Lógico que nós tínhamos pressa. A Varig estava quebrada. Todo dia a manchete era sobre o caos aéreo. Vejam o caso do avião de Congonhas. Foi o pior inferno que eu já vivi. De repente, estou sentado na minha mesa e jogam nas minhas costas 200 mortos. E eu acompanhei tudo que se escreveu, acompanhei televisão, mudava de canal toda hora. Era como se o governo fosse o responsável por aquele avião ter caído. Nós não parávamos nem para pensar. E no dia seguinte saiu o vídeo da Infraero mostrando o que realmente aconteceu. As pessoas simplesmente apagam da memória, sem um pedido de desculpas. Ou um "erramos". Apagam, esquecem. Eu penso que, no Brasil, a imprensa trabalha com traumas. Não tem coisa que magoe mais um jornalista do que ser chamado de chapa-branca. E às vezes, o medo de ser chapa-branca faz ele extrapolar os limites do que pode fazer. O telespectador é mais inteligente do que a gente pensa. Ele saca. O, telespectador não acredita nem em uma pessoa que só fale bem, nem em uma pessoa que só fale mal. Se você aparecer 20 vezes falando bem do governo, ninguém acredita. Se você aparecer 20 vezes só falando mal, também ninguém acredita.

GZM — A Gazeta publicou recentemente um estudo mostrando que há 5 milhões de brasileiros trabalhando pelo mundo. Como se tivéssemos um Estado dos Emigrantes. O Banco Mundial estima que esses brasileiros mandam para o Brasil cerca de USS 7,5 bilhões por ano. O que o Brasil pode fazer por esses emigrantes que estão trabalhando lá fora? Como o senhor vê a contribuição desses brasileiros, que saem das suas localidades para buscar uma alternativa.

— Num país que não gerava emprego e com razoável crescimento demográfico, é justo que as pessoas procurem um lugar no planeta para trabalhar. Um belo dia os alemães descobriram o Brasil, em 1850. Em 1865 os italianos descobriram o Brasil. Como os japoneses descobriram o Brasil em 1908. Depois vieram os espanhóis. Tenho amigos que estavam trabalhando no Brasil e que viram na convocação para trabalhar lá fora uma oportunidade de aprender uma língua a mais, de dar uma melhor educação para os filhos. E essas pessoas contribuem muito com o Brasil, de forma extraordinária, mandando para cá os seus salários. No mundo globalizado, acho que as pessoas vão cada vez mais transitar. Mas aquelas que foram pura e simplesmente por emprego, na medida em que começa a haver oportunidades aqui, elas voltam. Veja o que vai acontecer: nós assinamos um decreto de concessão da hidrelétrica do Rio Madeira. Nós precisamos contratar, em caráter emergencial, 50 engenheiros. E não tem aqui no mercado. Nós vamos ter que buscar os brasileiros que estão lá fora. Acho ótimo. E se não tiver nossos, contrataremos argentinos, engenheiros de outro países. Acho isso uma coisa boa. Temos brasileiros no Japão, temos brasileiros na Itália. Estou sabendo que a Itália tem agora uma propensão a convidar brasileiros para irem para lá. Acho uma coisa boa. Da mesma forma que eles estão aqui. A cultura brasileira não seria o que é se a gente não tivesse nas raízes a cultura alemã, espanhola, japonesas. Isso enriquece. Obviamente que há uma tendência natural, de que, quando alguém fica bem de vida, começa a deixar de receber os parentes mais pobres. Se você é pobre, você não esquece de ir na casa do seu amigo para tomar uma cerveja. Mas se ganha na loteria, já vai colocar um portão, um cadeado, já não está para mais ninguém. Os países são assim. Quando estão ficando mais ricos, eles não querem que os pobres transitem por lá. A direita, nestes países, tem um discurso muito agressivo, e a esquerda não tem discurso. A esquerda não defende os imigrantes porque acha que vai perder voto. Eu estava dizendo ao meu companheiro Zapatero que acho que a esquerda tem que construir um discurso. Qual é o discurso? Nós precisamos ajudar os países pobres a se desenvolverem porque aí as pessoas virão para cá como turistas e vão comprar os nossos produtos. É o único jeito de vocês evitarem a imigração. Se as pessoas continuam pobres e a Europa, rica, as pessoas vão querer ir para lá. Se o Brasil crescer sozinho e a América do Sul não crescer junto, virá muita gente para cá. Então nós temos responsabilidade de compartilhar o nosso crescimento com os países da América do Sul e com os nossos vizinhos.

GZM — O caso dos estrangeiros comprando terras na Amazônia

— Eu participei de uma reunião para discutir o problema da Amazônia. Estamos preocupados com a presença de estrangeiros com grandes propriedades na Amazônia. Foi criada uma comissão para examinar a questão a fundo. Teremos que tomar uma decisão, para ter controle de quem ocupa essas terras. Uma coisa é você comprar uma gleba e nela trabalhar e produzir, conforme a lei Outra é violar a nossa soberania sobre as terras brasileiras.

GZM — E essa descoberta de petróleo?

— Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. Ò Brasil não pode se conformar a ser um país exportador de petróleo bruto. Nós precisamos usar essa potencialidade em petróleo e criar uma verdadeira indústria petroleira neste país. Um estaleiro para construir sonda, um estaleiro para construir plataforma, um estaleiro para construir embarcações. Hoje, se a gente tivesse que completar todas as sondas que a Petrobras precisa para começar a trabalhar, a gente não teria condições só com a produção brasileira. Será preciso a gente trazer de fora para que dê tempo de o nosso parque industrial se preparar. Mas essa é uma oportunidade excepcional para a gente desenvolver a indústria naval brasileira. E eu acho que nós precisamos aproveitar esse petróleo, eu não discuti ainda com ninguém o que nós vamos fazer com o petróleo, que pertence à União. As áreas que não foram leiloadas ainda são da União.

GZM — O Brasil deveria criar uma nova empresa com monopólio total sobre as novas jazidas?

— Estou pensando seriamente nos investimentos que podemos fazer Sonho com a criação de um fundo para investir na educação neste pais. Outra coisa que penso é que o Brasil vive um momento tão excepcional que eu acho que a nossa oposição deveria ser mais construtiva. Achei bom o programa de TV do PSDB. Eles deveriam fazer na prática o que falaram na televisão. Fizeram até em branco e preto para parecer uma coisa antiga. Gostei muito. Mas eu queria que eles assistissem ao programa todo dia quando levantassem de manhã para ir para o Congresso.

GZM — Os tucanos são menos raivosos que o DEM.

— Acho que está provado que essa coisa da política raivosa não dá certo. Quando fui candidato em 1989 — se vocês pegarem aquela campanha, vocês vão perceber — eu nunca disse para o Sarney 1% do que o Collor disse. Eu tenho muito cuidado. Aqui no Brasil, muitas vezes, a insinuação, ou a ilação, prevalece sobre a verdade. Então isso é triste na política, porque uma ilação pode levar você a fazer 50 artigos acreditando naquilo, e depois, quando se prova que não é verdade, você não tem como dizer que estava errado. E como se você apenas fechasse uma página e tivesse vergonha de dizer: eu escrevi aquilo.

GZM — O senhor ainda se julga de esquerda?

— Eu cada vez mais sou mais torneiro mecânico, (risos) Nunca gostei de andar com rótulo na testa, que sou isso ou aquilo. Obviamente que todo mundo sabe da minha origem, da minha vida pública, e que eu me considero um homem de esquerda.

GZM — E corinthiano...

— Sofri muito quarta-feira à noite.

GZM — Mas o senhor não pode falar mal do Sport, porque se quiser ser candidato ao Senado por Pernambuco...

— Só um ato de insanidade me faria deixar sete meses a Presidência da República para ser candidato ao Senado. Este aqui é o cargo mais importante da Federação. Eu levei 12 anos para chegar aqui, por que vou deixar isso aqui para ser candidato ao Senado?

GZM — O senhor ainda é jovem...

— Vou deixar a Presidência com 64 anos de idade. Obviamente que para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy Gonçalves e o Oscar Niemeyer. Quero chegar a essa idade, com o prestígio do Oscar Niemeyer e com a peraltice da Dercy Gonçalves. Eu a vi um dia desses na televisão, ela fala todas as bobagens que um ser humano tem direito. Obviamente que vou deixar a presidência aos 64 anos de idade e que nunca vou desistir da política. Eu também não quero voltar ao poder, não quero a voltar a dirigir o partido, não está mais na minha cabeça. Vou viajar pelo Brasil, gosto deste país, vou conhecer cada vez mais por dentro este país. E não tenho pretensões de dar palpites, quem quer que seja que esteja aqui, não ouvirá da minha boca nenhum palpite sobre qualquer que seja sua decisão. Na minha filosofia, rei morto, rei posto.

GZM — Mas nada impede que.o senhor volte. O senhor vai ser uma pessoa forte no país, de qualquer maneira.

— Não trabalho com a hipótese de volta. Se eu puder fazer um juramento: pela felicidade do meu filho caçula. Por que eu não trabalho com a possibilidade de voltar? Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão. Se eu eleger meu sucessor e ficar do lado de fora dando palpite, com poucos meses terei a pessoa que elegi como minha adversária. Como acontece em alguns países e como já aconteceu aqui. Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar a essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off. Qual é a hipótese de voltar? Se você estiver vivo ainda, se for um adversário que seja eleito. Trabalhar com essa hipótese é no mínimo mesquinharia elevada à quinta potência. Quando você passa por aqui, você tem que ser tão humilde e começar a imaginar que quem sentar aqui tem que fazer o máximo e o melhor que puder fazer, porque só assim o povo brasileiro vai ganhar. Então a gente não pode nunca torcer contra. O meu lema é o seguinte: dia primeiro de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República para alguém e vou para a minha casa conviver com a minha família. Não tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada - Gazeta Mercantil - 16/06/2008

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Inflação já afeta 71% dos preços pesquisados

O Estado de S.Paulo: Inflação freia vendas no Norte e Nordeste

Jornal do Brasil: Polícia pedirá prisão de 11 militares

O Globo: Justiça decreta prisão temporária de 11 militares

Gazeta Mercantil: Novo ciclo de riquezas virá com a potência do petróleo

Valor Econômico: Ritmo de consumo vigoroso puxa indústria do Nordeste

Estado de Minas: Os extremos da violência em BH

Jornal do Commercio: BC e Fazenda afinam discurso contra inflação

Diário do Nordeste: Pistoleiros matam três e deixam 4 feridos no interior

Correio do Povo: Governo se une contra preços altos

Zero Hora: Busatto diz que subestimou conflito entre Yeda e Feijó

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Marta faz visitas à cidade

Apesar de não ter iniciado sua campanha à Prefeitura de São Paulo, a ex-ministra Marta Suplicy (PT) liderou ontem uma agenda típica de candidata. Com cuidado de não pedir votos para evitar um atropelo à lei eleitoral, a petista fez uma viagem de ônibus do centro da cidade ao terminal bairro da Lapa, passeou pelas ruas e cumprimentou eleitores. Concedeu entrevista a um jornal de bairro e encerrou o dia num ato partidário na Freguesia do Ó. Pela regra, a campanha eleitoral só pode ter início em 6 de julho. Quinze dias antes, candidatos podem se promover dentro do partido, mas não para o público em geral. Na prática, entretanto, nada impede que um candidato circule livremente pelas ruas e converse com eleitores, desde que não peça votos.
Apesar de ter oficializado sua pré-candidatura há uma semana, Marta aceitou brigar pela prefeitura há meses, quando ainda estava no Ministério do Turismo. Desde então, teve vários compromissos da pasta na cidade. A ex-ministra vai intensificar a agenda de rua nos próximos dias. Ontem, por exemplo, Marta pegou um ônibus em um terminal no centro, entregue quando era prefeita de São Paulo.

São Paulo: Acusados de vender CNH, 23 viram réus

A Justiça recebeu ontem a denúncia do Ministério Público de Guarulhos, na Grande São Paulo, contra as 23 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha responsável pela venda ilegal de 1.596 CNHs na Ciretran de Ferraz de Vasconcelos (Grande SP). O grupo foi alvo da Operação Carta Branca, realizada no dia 3 com a Polícia Rodoviária Federal.
A Justiça ainda determinou a prisão preventiva de 20 dos 23 acusados -19 deles já estavam na prisão temporariamente e Marcelo Pires Felizi, marido da dona de uma das auto-escolas envolvidas, é procurado da Justiça. As acusações são de falsificação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Dois delegados da Polícia Civil de São Paulo -Juarez Pereira Campos e Fernando José Gomes, que estão presos- estão entre os réus, juntamente com psicólogas, uma médica, donos de auto-escolas, despachantes e donos de posto de combustível e loja de carros.
Segundo o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público de Guarulhos, entre abril de 2007 e março de 2008, foram realizados 7.439 exames práticos para emissão de CNHs na Ciretran de Ferraz, mas, no período, o órgão emitiu 36.939 carteiras.
Ainda ontem, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Freire, afastou o delegado Nelson Silveira Guimarães do cargo de divisionário do Detran.
Dentro da polícia, o afastamento é visto como retaliação da cúpula da Polícia Civil pelas denúncias que o delegado fez sobre um possível favorecimento do ex-secretário adjunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto, para o investigador Augusto Peña, preso em abril acusado de extorquir dinheiro de supostos membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Desde ontem, o delegado Carlos José Ramos da Silva, o Casé, ex-chefe da Polícia Civil na região de Ferraz, passou a ser investigado por envolvimento no esquema das CNHs. Casé foi afastado do cargo de seccional em 21 de maio. Ele não foi localizado ontem. - Folha de S. Paulo, hoje.

Forças Armadas têm melhor avaliação entre brasileiros

As Forças Armadas é a instituição com melhor avaliação por parte dos brasileiros, com nota 7,4, segundo o Barômetro de Confiança nas Instituições Brasileiras, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Em seguida aparecem empatadas, com média 7,1, a Igreja Católica e a Polícia Federal (PF). Em último lugar estão as instituições político-partidárias, avaliadas pelos brasileiros com média 3,6. Ainda segundo o estudo, apenas 8% dos brasileiros afirmaram conhecer bem como funciona o Poder Judiciário. - DeFato

Denise Abreu: Houve pressa, mas não pressão, para favorecer venda da Varig

Durante a audiência pública em comissão do Senado, a ex-diretora da Anac Denise Abreu afirmou ontem que foi pressionada para tomar decisões favoráveis à venda da empresa. Segundo ela, a Anac sofreu pressão da Casa Civil e interferência “imoral e até ilegal” do advogado Roberto Teixeira, para garantir a compra da Varig pela Gol. “Segundo Denise, a pressão da pasta comandada pela ministra Dilma Rousseff materializou-se no acompanhamento minucioso que a Casa Civil fazia das decisões da agência e numa estranha simetria entre os desejos do Planalto de viabilizar o negócio e a dança de pareceres, que, de contrários à negociação, foram convertidos em favoráveis”. Para o ex-chefe de Denise Abreu, Milton Zuanazzi, também ouvido ontem, houve “pressa”, mas não pressão, por conta do estado emergencial da Varig, cuja falência poderia decretada a qualquer momento.

Oposição promete maior resistência no Senado à criação da CSS

Folha de S.Paulo e O Globo apontam em suas manchetes principais a diferença de apenas dois votos – 259 a favor, 159 contra e duas abstenções – que levou a Câmara dos Deputados a aprovar a CSS. A nova contribuição, que ainda deve passar pelo crivo do Senado, institui recolhimento de 0,1% sobre operações financeiras, nos mesmos moldes da extinta CPMF, com isenção tributária para assalariados, aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) que recebem até R$ 3.038 por mês. Os jornais coincidem na avaliação da apertada margem de vantagem obtida na Câmara deverá influenciar na votação do Senado, onde a base governista não conta com a mesma folga da Câmara. Serão necessários 41 votos para a aprovação da CSS, em meio à pressão renovada de várias entidades empresariais e de profissionais liberais. “Com receio de derrota nos outros destaques que previam mudanças no texto, o governo optou por adiar o restante da votação para a próxima semana. A base, que soma, em tese, pouco mais de 350 deputados, teve alto nível de dissidência: 108 votaram contra, se ausentaram ou se abstiveram”, registra o Globo em sua matéria sobre o assunto. Entre os quatro destaques que ainda serão votados, um poderá inviabilizar a CSS, pois suprime o artigo que define qual é a base de cálculo do novo imposto — a movimentação financeira nos bancos. O governo terá que garantir 257 votos para mantê-lo. Segundo a Folha, a oposição calcula que precisa de sete votos para enterrar de vez a CSS. “Há no Legislativo 81 senadores. Como o presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) não vota, o número de votantes cai para 80. Para aprovar a CSS, inserida num projeto de lei complementar, o governo precisa de 41 votos. Oito a menos do que os 49 votos que não conseguiu obter para renovar, em dezembro de 2007, a emenda constitucional que renovava a CPMF até 2011. Para rejeitar a CSS, a oposição precisa levar ao painel eletrônico do Senado pelo menos 40 votos “não”, seis além dos 34 que obteve no ano passado”, contabiliza o jornal. Mesmo se perder, a oposição promete questionar a nova contribuição no Supremo Tribunal Federal (STF), com o argumento de que o caminho escolhido pelo governo para criar um novo imposto é inconstitucional. - DeFato.

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Câmara aprova nova CPMF
O Estado de S.Paulo: Pressão de Teixeira na Anac foi 'imoral', diz ex-diretora
Jornal do Brasil: Aprovado clone da CPMF
O Globo: Nova CPMF passa por 2 votos; inflação é a maior em 12 anos
Gazeta Mercantil: Alta de preço nas bolsas alimenta a inflação
Valor Econômico: Nova lei contábil eleva a taxação de empresas
Correio Braziliense: A inflação só aumenta...
Estado de Minas: Duro de engolir
Jornal do Commercio: Sai a nova CPMF
Correio do Povo: Câmara ressuscita a CPMF
Zero Hora: Câmara aprova a volta do imposto do cheque

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Em vantagem e em boa fase, Corinthians busca o tri da Copa do Brasil

O Corinthians entra em campo contra o Sport para decidir o título da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, às 21h50, no estádio da Ilha do Retiro, com a vantagem de poder perder por um gol de diferença.
Com o placar favorável de 3 a 1 na primeira partida, no Morumbi, os corintianos, que venceram o torneio em 1995 e 2002, só deixam o terceiro título escapar na noite de hoje caso percam por 2 a 0 ou três gols de diferença, placares que nunca aconteceram nos 34 jogos disputados em 2008, depois da chegada do técnico Mano Menezes.
Um 3 a 1, placar que aconteceu duas vezes em 2008, contra São Caetano e Goiás, leva a decisão para a disputa de pênaltis.
A última vez que o clube do Parque São Jorge sofreu uma derrota por um placar que privaria do título hoje aconteceu há mais de dez meses, na derrota por 5 a 2 para o Atlético-MG, pelo Brasileiro de 2007. Depois disso, foram 40 jogos sem derrotas por 2 a 0 ou por três gols de diferença.

CORINTHIANS: Felipe; Carlos Alberto, Chicão, William e André Santos; Fabinho, Eduardo Ramos, Alessandro e Diogo Rincón; Dentinho e Herrera.Técnico: Mano Menezes

Dilma comparece a evento em SP junto com Marta

Atendendo a um convite de Marta, Dilma Rousseff veio a São Paulo especialmente para participar de um seminário organizado pelo Diretório Municipal do PT sobre trânsito e transporte em São Paulo.
Sob o argumento de que estava presente para falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma não poupou elogios a Marta. "É uma servidora pública competente, capaz, responsável por uma das grandes administrações municipais deste país, um exemplo de mulher batalhadora e competente", disse Dilma, a quem Marta se referia como "amiga".
A viagem de Dilma faz parte de uma estratégia de articuladores da campanha de Marta para aproximar a imagem da petista à de Lula. Com aval do presidente, a ex-prefeita convidou outros quatro ministros para seminários semelhantes: Fernando Haddad (Educação), José Gomes Temporão (Saúde), Tarso Genro (Justiça) e Márcio Fortes (Cidades). O PT paulistano pagará os custos da viagem. Ontem, o coordenador da campanha petista, deputado Carlos Zarattini, negou que haja favorecimento à campanha de Marta por parte do governo, na comparação com outras siglas da base aliada.

Trânsito
Ao falar no principal tema de sua campanha, Marta apresentou ontem uma série de propostas para aliviar o problema do trânsito na capital. Ela prometeu, por exemplo, rever o modelo do bilhete único, uma das marcas de sua gestão no transporte público. A idéia, disse, é aumentar o tempo em que é permitido pegar vários ônibus com o pagamento de uma única passagem.
Dilma, que também elogiou o bilhete, repetiu o discurso do governo de que o PAC foi desenhado com base na necessidade da região, e não com interesses eleitoreiros. Exemplo disso, afirmou, são os investimentos feitos em obras como o Rodoanel e no metrô paulistano.

Melhoria do ensino básico surpreende

A educação básica pública brasileira superou em 2007 as metas de qualidade determinadas pelo governo federal para 2009. É o que revelam os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que será divulgado hoje pelo Ministério da Educação (MEC).
O Ideb foi criado no ano passado pelo governo e leva em conta as taxas de aprovação, abandono escolar e o desempenho em duas avaliações nacionais feitas em 2007, o Saeb e a Prova Brasil.

Segundo dados aos quais o Estado teve acesso, a nova média brasileira de 1ª a 4ª série é 4,2. O Ideb vai de 0 a 10. No ano passado foram divulgados os índices com relação às avaliações de 2005 e a média era de 3,8 (crescimento de 10,5%). No entanto, a meta que tinha sido traçada para que o País alcançasse em 2007 era de 3,9. Chegou, inclusive, ao objetivo para 2009, que era 4,2.

Segundo informações do MEC, o Nordeste foi a região que mais contribuiu para o aumento da nota do País. As médias dos nordestinos superaram as metas de 2007 e de 2009. Minas Gerais foi o único Estado que não atingiu a meta de 2007 entre 1ª e 4ª série. No nível de 5ª a 8ª, apenas Amapá e Pará não o fizeram.

O Ideb obtido por alunos de 5ª a 8ª série no Brasil foi de 3,8, o que representa aumento de 8,57%. Nesse nível de ensino, a meta para 2007 já tinha sido atingida (3,5), mas agora passou também o índice previsto para 2009, que era de 3,7. O ensino médio teve a média mais baixa, de 3,5, mesmo assim igualou a meta de 2009.

Projeções do MEC indicam que países desenvolvidos teriam Ideb 6,0. Hoje devem ser divulgados índices de todos os Estados.

Números

4,2 é o Ideb de 1.ª a 4.ª série que representa um crescimento de 10% com relação ao índice de 2005, quando era de 3,83,

8 é o dos alunos de 5.ª a 8.ª que, em 2005, tinham média 3,5. Já estavam na meta de 20073,

5 é o Ideb do ensino médio que estava em 3,4 em 2005. - O Estado de S.Paulo, hoje.