quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Corinthians empata com o Brasiliense e interrompe série de vitórias

O Corinthians buscava sua maior seqüência de vitórias em 2008, mas acabou saindo da Boca do Jacaré, palco do seu confronto com o Brasiliense, em Taguatinga (DF), nesta terça-feira, com um empate por 1 a 1.
O resultado pouco mudou a situação do time paulistano na Série B do Campeonato Brasileiro. A equipe continua na liderança, com 55 pontos, e tem uma confortável vantagem para o fim da zona de acesso para a primeira divisão: o Bragantino, quinto, soma 42.
O Corinthians tentava sua sétima vitória seguida para superar os seis triunfos consecutivos obtidos logo nas primeiras rodadas da competição e que ajudaram a equipe a embalar na disputa por uma vaga na elite.
Recuperados de contusão, o atacante Dentinho e o lateral-esquerdo Wellington Saci foram relacionados pelo técnico Mano Menezes para o jogo. O atacante Otacílio Neto, contratado em agosto, foi chamado pela primeira vez e estreou.
No entanto, nenhum dos três atletas começou a partida. O treinador não escalou o lateral Alessandro e o meio-campista Douglas, suspensos. Outros desfalques foram o volante Nilton e o atacante Bebeto, que estão machucados.
Por opção da torcida, o time de Mano foi a campo com a camisa roxa.

Economia brasileira é a 4ª menos vulnerável entre emergentes

Estudo do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) divulgado nesta semana aponta que a economia brasileira é a quarta menos vulnerável entre 23 países emergentes. Em 1998, no mesmo ranking, o Brasil figurava no grupo dos países emergentes 25% mais vulneráveis. Em 2007, a economia brasileira figura entre as 25% menos vulneráveis, que coloca o País na quarta posição atrás apenas da Polônia, Turquia e Hungria.
O trabalho enfatiza as políticas com potencial de reduzir a vulnerabilidade econômica de emergentes frente a conjunturas externas desfavoráveis. "Dentre as recomendações de políticas públicas, concluímos que a vulnerabilidade econômica do país é potencialmente reduzida na medida em que aumentam o grau de desenvolvimento do mercado financeiro doméstico, a liberalização financeira, o superávit primário, os indicadores de governança e diminuem a instabilidade econômica, o endividamento e o estoque de dívida indexada à moeda estrangeira", diz o estudo.

Os resultados se sustentam em políticas de maior liberalização financeira, gerenciamento da dívida pública com diminuição da dívida bruta e do estoque indexado à moeda estrangeira, sustentabilidade da política fiscal, desenvolvimento do mercado financeiro doméstico, crescimento consistente, além de melhorias nos indicadores de governança — sobretudo indicadores de risco jurisdicional (aparato legal) e qualidade da regulação.

Legislação - O estudo destaca algumas ações implementadas pelo Brasil, principalmente a partir do biênio 2005/2006, que tornaram o País menos vulnerável a choques externos. Em junho de 2006, por exemplo, entrou em vigor a Lei nº 11.312 que garantiu ao investidor estrangeiro a desoneração fiscal em aplicações de títulos públicos federais e instrumentos de capital de risco (venture capital). Essa medida incentiva a participação de investidores não-residentes nas aplicações em títulos públicos, podendo contribuir para a melhora do perfil da dívida pública (redução dos juros, alongamento da maturidade, aumento e formação de uma base de investidores de longo prazo) e gerar externalidades positivas para diversas áreas, incluindo o setor produtivo.

Já a Lei nº 11.371,d e novembro de 2006, estabeleceu a nova regulamentação cambial para o Brasil, reduzindo custos de transação, eliminando assimetrias, flexibilizando a cobertura cambial para exportação e finalmente permitindo o processo de simplificação no mercado cambial com maior segurança jurídica.

A alteração e modernização das normas contábeis das sociedades anônimas brasileiras — por meio da Lei nº 11.638, de dezembro de 2007 — também foi outro fator que influenciou a melhoria do Brasil no ranking da vulnerabilidade econômica.

Grau de investimento - Outra medida adotada pelo Brasil foi o planejamento e gerenciamento da dívida pública federal (DPF) pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), por meio de melhoras no perfil da dívida pública, alongando o prazo médio, aumentando a liquidez, consolidando a composição via títulos prefixados e referenciados a índice de preços e alavancando a participação de investidores institucionais. Todas essas medidas culminaram com a obtenção do grau de investimento por duas agências internacionais de classificação de risco no primeiro semestre de 2008. - Em questão.

Luz para Todos tira da escuridão mais de 8,4 milhões de brasileiros

O governo federal está próximo de cumprir a meta de levar energia elétrica gratuitamente a 10 milhões de moradores do meio rural até dezembro de 2008, estabelecida pelo programa Luz para Todos em novembro de 2003. Desde então essa política pública coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), operacionalizada pela Eletrobrás e executada pelas concessionárias estaduais e cooperativas de eletrificação rural, já beneficiou 8,4 milhões de pessoas, o equivalente à população da Bolívia.
O avanço do programa iluminou o mapa da exclusão elétrica no Brasil, sobretudo nas regiões mais pobres do País. Em 2003, as famílias sem acesso à energia eram majoritariamente de baixa renda e residiam nas localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Cerca de 90% dessas famílias tinham renda inferior a três salários-mínimos e 80% delas viviam no meio rural.
Por conta disso, ao lançar o Luz para Todos, o governo deixou claro que, mais do que levar energia elétrica às residências, o programa deveria funcionar como vetor de desenvolvimento social e econômico das comunidades atendidas, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar. Outra determinação era fazer do Luz para Todos um fator de integração dos programas sociais do governo federal, ao viabilizar indiretamente o acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento.
Na medida em que as ações foram implementadas, o governo descobriu que o número de excluídos elétricos era maior que o projetado pelo censo do IBGE do ano 2000, documento que serviu de referência para a elaboração do programa. Resultado: em pelo menos 11 Estados o Luz para Todos já executou um número de ligações maior que a meta inicial e em algumas regiões, em função do aumento da demanda, a etapa final será prorrogada para 2010.
“O Luz para Todos não é apenas um programa de eletrificação rural, mas de inclusão social, onde cada beneficiado acende um brilho na lâmpada e outro nos olhos. É um brilho muito especial, de alegria, de felicidade, de dignidade e de cidadania, que nos motiva a enfrentar todas as dificuldades do dia-a-dia”, declara o diretor do programa, Hélio Morito Shinoda.
Capilaridade - A dimensão do programa Luz para Todos é ilustrada pelos números do balanço de agosto de 2008. As ações são desenvolvidas simultaneamente nos 26 Estados da Federação, nos quais já foram realizadas 1,6 milhão de ligações residenciais e gerados 253 mil empregos diretos e indiretos. As redes de energia receberam 599 mil novos transformadores e 3,9 milhões de postes foram instalados nas diferentes regiões do País. O total de 747 mil quilômetros de cabos elétricos utilizados nas ligações até agora é suficiente para cobrir uma extensão equivalente a 18 voltas na Terra.
Metade dos 8,4 milhões de beneficiados até agosto de 2008 reside na região Nordeste. No Sudeste, região mais industrializada do País, foram atendidas 1,6 milhão de pessoas. Na região Sul, outras 686 mil. O Centro-Oeste aparece com 586 mil beneficiados e a região Norte com 1,3 milhão de atendidos. O cumprimento da meta inicialmente prevista significará retirar da escuridão um número de pessoas equivalente à população de Portugal.
Investimentos – Até o mês de agosto, o governo federal liberou R$ 5,6 bilhões de um total de 8,1 bilhões contratados. Os recursos federais são provenientes de dois fundos setoriais de energia: a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Reserva Global de Reversão (RGR). Os recursos subvencionados visam mitigar possíveis impactos nas tarifas de energia. - Em questão.

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Com US$ 85 bi, EUA salvam seguradora
O Estado de S.Paulo: BCs socorrem bancos com US$ 210 bi
Jornal do Brasil: US$ 375 bi contra a crise
O Globo: EUA estatizam 3ª maior seguradora do mundo
Gazeta Mercantil: Fed mantém taxa de juros e acalma ânimo dos mercados
Valor Econômico: Todo o mercado olha para a AIG
Correio Braziliense: A crise a caminho do seu bolso
Estado de Minas: Granizo destrói casas e espalha medo em Minas
Jornal do Commercio: Médicos acordo fechado
Correio do Povo: Trégua na crise global
Zero Hora: EUA socorrem gigante do seguro para evitar colapso

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Lula é aprovado por todos segmentos sociais

Embalado por fortes resultados na economia e por grande exposição nacional na atual campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o seu próprio recorde de avaliação positiva.
Lula também acaba de obter, pela primeira vez, a aprovação da maioria absoluta da população brasileira em todos os segmentos sociais, econômicos e geográficos do país.

Segundo pesquisa Datafolha finalizada ontem, 64% da população brasileira considera o governo Lula ótimo ou bom. O recorde anterior já colocava Lula na frente de todos os presidentes eleitos após a redemocratização -55% de aprovação registrados em março passado.

O levantamento revela também que a popularidade de Lula acaba de vencer a resistência de segmentos socioeconômicos específicos que mantinham, entre eles, o índice de aprovação abaixo de 50%. Pela primeira vez, Lula tem o apoio da maioria no Sudeste, nas regiões metropolitanas, entre os que têm curso superior e entre os vivem em famílias com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos. Entre a pesquisa realizada em março e agora, houve um salto a favor de Lula de 14 pontos percentuais entre os brasileiros mais ricos. Hoje, 57% dos que vivem em famílias que ganham R$ 4.150,00 ou mais por mês aprovam seu governo. Lula também conquistou pela primeira vez a maioria no Sudeste: 57% o aprovam, dez pontos acima da última pesquisa. Há alguns anos Lula também só tinha a maioria ao seu lado em regiões do interior. Agora, 57% dos moradores das regiões metropolitanas o aprovam.
Por fim, Lula também venceu a barreira entre os mais escolarizados. Em março, 47% dos brasileiros com curso superior consideravam seu governo ótimo/bom. Agora, são 55%.
Os resultados da pesquisa coincidem com a divulgação, anteontem, de um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 6% no primeiro semestre do ano. Nesse bom resultado, houve uma significativa participação do consumo das famílias brasileiras, que cresceu 6,7% (a 19ª alta seguida) apoiado em aumentos da renda.

A expressiva avaliação de Lula aparece também no momento em que a inflação começa a ceder depois de ter atingido um pico neste ano, há três meses.

Coincide ainda com a participação pessoal ou do nome de Lula em várias campanhas municipais, além de grande exposição do presidente nos últimos dias por conta do início (ainda que simbólico) da produção de petróleo nas recém-descobertas reservas do pré-sal.

"A pesquisa mostra que Lula vem quebrando resistências, especialmente entre os principais segmentos da classe média, o que é muito significativo", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.Na pesquisa, o Datafolha ouviu 2.981 pessoas maiores de 16 anos em 212 municípios do país entre os dias 8 e 11 de setembro. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou menos.Além de ter ultrapassado barreiras, o levantamento revela que Lula também ampliou de maneira significativa o reforço à sua popularidade entre os que já o apoiavam.

No Nordeste, por exemplo, região que sempre deu os melhores índices de popularidade a Lula, sua avaliação subiu mais sete pontos. Hoje, 3 entre cada 4 nordestinos o apóiam.

Houve ainda um salto de oito pontos percentuais a favor do presidente entre os mais pobres, com renda familiar até cinco salários mínimos. Atualmente, 65% desses brasileiros avaliam Lula positivamente. - Fernando Canzianda, Folha de S. Paulo.

Machetes do dia

Folha de S.Paulo: Aprovação a Lula bate recorde histórico
O Estado de S.Paulo: Conflito na Bolívia mata 8 e corta fornecimento de gás
Jornal do Brasil: Campanha com tropas, mas sem os candidatos
O Globo: Tropas ocupam 5 favelas no início da operação eleitoral
Gazeta Mercantil: Corte de gás da Bolívia expõe falhas do setor
Valor Econômico: Bolívia rejeita mediação brasileira para conflito
Correio Braziliense: O vizinho explosivo: Governo já tem plano para retirar brasileiros da Bolívia
Estado de Minas: Conflito na Bolívia mata 8 e corta fornecimento de gás
Jornal do Commercio: A dor de uma cidade
Diário do Nordeste: PMs e agentes acusados de facilitar fuga no IPPS
A Tarde: Desembargadores libertam suspeitos de vender sentenças
Correio do Povo: Morte e mais destruição no 2º dia de temporais
Zero Hora: Escombros e desolação

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DataFolha: Marta lidera, com 40%, Kassab chega a 18% e empata com Alckmin, que tem 22%

Faltando um mês para o primeiro turno da eleição para prefeito, a candidata do PT, Marta Suplicy, continua liderando a disputa, com 40% das intenções de voto. Em pesquisa realizada na semana passada, a ex-prefeita obtinha 39%. Se a eleição fosse hoje, a dúvida seria quem a petista enfrentaria no segundo turno. Empatam no segundo lugar Geraldo Alckmin, do PSDB, que oscilou de 24% para 22%, e o atual prefeito, Gilberto Kassab, do DEM, que segue curva ascendente, e chega a 18% das preferências, taxa dois pontos maior do que a registrada no levantamento anterior (16%). A diferença de Alckmin para Kassab chegou a ser de 21 pontos no final de julho (32% a 11%). O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) oscilou de 7% para 8% e Soninha (PPS) se manteve com 3%. Ciro (PTC), Edmilson Costa (PCB), Ivan Valente (PSOL), Levy Fidelix (PRTB) e Renato Reichmann (PMN), foram citados, mas não atingiram 1% das preferências.
Se a eleição fosse hoje, 5% votariam em branco ou anulariam o voto. Não saberiam em quem votar 4%. Foram ouvidos 1091 eleitores da cidade de São Paulo, a partir dos 16 anos de idade, nos dias 4 e 5 de setembro, e a margem de erro máxima, para os resultados que se referem ao total da amostra, é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Um terço (30%) dos eleitores paulistanos dizem que vão votar em Marta de forma espontânea, antes da apresentação dos cartões circulares com os nomes dos candidatos; eram 28% no levantamento anterior.

A taxa de menções espontâneas a Geraldo Alckmin se manteve em 15%; Gilberto Kassab oscilou de 12% para 13% na intenção de voto espontânea. Maluf é citado espontaneamente por 5%.

O percentual dos que não sabem dizer espontaneamente em quem gostaria de votar para prefeito caiu de 32% para 28%. Dizem espontaneamente que pretendem votar em branco ou anular 5% (eram 7% no levantamento anterior).

Corinthians bate Fortaleza pela 4ª vez e amplia vantagem na Série B

O Corinthians foi ao estádio Castelão neste sábado e conquistou sua quinta vitória consecutiva na Série B, ao bater por 3 a 1 o Fortaleza --um adversário considerado "freguês" nesta temporada.
Com a vitória, a equipe de Mano Menezes chega a 51 pontos, como líder isolado da divisão de acesso do Brasileiro. O Corinthians assim amplia a vantagem na liderança, que era de seis pontos para o Avaí, e agora é de sete para o Vila Nova.
Nesta temporada, o time paulistano já havia enfrentado o Fortaleza em três ocasiões --duas pela Copa do Brasil e uma pelo primeiro turno da Série B-- e vencido todas elas.
O Corinthians abriu o placar em uma cobrança de pênalti, originada em uma jogada de dois dos meias. Aos 21min, Morais cruzou da direita e Douglas, ao tentar chegar na bola, foi derrubado por trás. Chicão bateu e converteu.
O segundo gol foi resultado de um chute certeiro, mas do zagueiro do Fortaleza. Bebeto recebeu na área, e, marcado por um zagueiro, tentou dominar. A bola espirrou para o lado, e o zagueiro Preto chegou rasgando e chutou contra sua própria meta.
Com a vantagem construída na primeira etapa, o Corinthians começou o segundo tempo tentando administrar sua vantagem. Mas viu seu domínio ameaçado aos 9min, com um gol de cabeça do atacante Bambam --que entrou no intervalo pelo lado do Fortaleza.
Em uma bela jogada, o alvinegro do Parque São Jorge voltou a afirmar sua liderança. Em um lance de persistência, Elias cruzou na área, o jovem atacante Careca escorou de cabeça e André Santos pegou de primeira, em um sem-pulo, e ampliou.

Base de Lula lidera em 20 das 26 capitais

Integrantes da base aliada e da oposição têm travado disputas, na Justiça e nos bastidores, para se vincular à imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta campanha eleitoral.
Isso tem uma razão: em 20 das 26 capitais em que há eleição, candidatos que apóiam o Palácio do Planalto aparecem mais bem colocados que oposicionistas em pesquisas de opinião.
Em 2004, no segundo ano do seu primeiro mandato, apenas 11 aliados de Lula saíram vencedores no pleito municipal. Este ano, com o aumento da avaliação positiva do governo e também dos partidos que integram a base aliada no Congresso, há pelo menos 15 casos de embates para ter ou, pelo menos, evitar o apoio explícito de Lula na propaganda eleitoral.
O deputado federal Sarney Filho (PV-MA) atuou nos últimos 15 dias para convencer Lula a não ir à Natal, onde, até agora, Micarla Souza (PV) aparece na frente de Fátima Bezerra (PT), segundo pesquisa do Ibope divulgada em 29 de agosto.
Apesar de contar com o apoio do líder oposicionista no Senado, José Agripino (DEM-RN), Micarla gosta de lembrar que é candidata da base de Lula. "Ela não quer confronto entre o governo e a oposição. No Nordeste, qualquer candidatura contrária a Lula leva desvantagem", afirmou Agripino.
Prováveis adversários de Agripino em 2010, a governadora Wilma Faria (PSB) e o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB), apelaram para Lula ir à Natal tentar levantar a candidatura de Fátima. "Foi difícil, mas conseguimos fechar uma data no dia 19", diz Garibaldi.
Em Aracaju, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) trabalha contra a ida de Lula à capital, onde ele disputa a prefeitura contra Edvaldo Nogueira (PC do B-PT).
"Lula sabe que, no Senado, ele conta com 20 senadores do PMDB enquanto o PC do B só tem um", disse Almeida Lima. - Folhaonline

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: EUA intervêm para salvar gigantes do setor imobiliário
O Estado de S.Paulo: Oposição vai à Justiça contra ajuda eleitoral de Dilma ao PT
Jornal do Brasil: Indústria de ONGs cresce há seis anos
O Globo: Candidatos prometem livrar vans da fiscalização do Detro
Gazeta Mercantil: Até 2012, Brasil ganha 3º lugar em celulose
Valor Econômico: Nova múlti brasileira, Magnesita compra LWB
Estado de Minas: Sonho de ficar rico no exterior vira pesadelo
Jornal do Commercio: Triplo homicídio no Espinheiro
Correio do Povo: Fogaça lidera e Maria do Rosário e Manuela empatam em segundo
Zero Hora: Justiça eleitoral rejeita 209 candidaturas no Rio Grande do Sul

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Bolsa Família estimula participação no mercado de trabalho

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) debate nesta semana as políticas de combate à fome e à desnutrição. Nesta sexta-feira (5), a IV plenária será a maior já realizada, com cerca de duas mil pessoas. Esta será a primeira vez que ocorrerá fora de Brasília, como forma de homenagear o recifense Josué de Castro, patrono do Conselho, referência internacional sobre o problema e suas causas. Suas idéias foram revolucionárias para a época, como os primeiros conceitos sobre o desenvolvimento sustentável.
O Consea foi criado em 2003 para articular governo e sociedade civil na proposição de diretrizes para as ações na área da alimentação e nutrição. O Conselho faz uma avaliação das políticas desenvolvidas pelo governo federal, como o Bolsa Família, que atende cerca de 11 milhões de famílias. Duas pesquisas recentes apontam bons resultados do programa.
Mercado de trabalho – O Bolsa Família estimula a participação no mercado de trabalho e funciona como um microcrédito para pequenos empreendedores, segundo um estudo do Centro Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD das Nações Unidas, em parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Publicado em inglês, o trabalho Programas de Transferência de Renda Focados no Brasil (Targeted Cash Transfer Programmes in Brasil) baseia-se em dados da PNAD 2004 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE) para concluir que, para pessoas de uma mesma faixa de renda, a presença no mercado de trabalho é maior entre os beneficiários do Bolsa Família.
Os pesquisadores Marcelo Medeiros, Tatiana Britto e Fabio Veras Soares, autores do estudo, observaram que, no grupo dos 10% mais pobres do Brasil, a porcentagem de pessoas que trabalhavam ou procuravam trabalho era de 73% entre os que recebiam o Bolsa Família e de 67% entre os que não recebiam. Na parcela de 10% a 20% mais pobres, 74% dos beneficiários pelo programa de renda eram economicamente ativos, contra 68% entre os não-beneficiados. No grupo seguinte (20% a 30% mais pobres), a taxa era de 76% para atendidos e de 71% para não-atendidos. “A noção de que programas de transferência são um desincentivo ao trabalho é mais baseada em preconceito do que em evidências empíricas. Dados recentes da PNAD mostram que indivíduos vivendo em casas beneficiadas pelo Bolsa Família trabalham tanto, senão mais, que indivíduos com renda per capita similar”, diz o texto.
A análise apresenta ainda números de um estudo publicado em 2006 pelo Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais), que reforçam esse ponto de vista: a taxa de participação no mercado de trabalho de adultos em famílias atendidas pelo Bolsa Família é 3% maior do que em famílias não-atendidas. Esses resultados indicam que o dinheiro da transferência de renda pode ser usado para superar obstáculos de entrada em alguns mercados, como a necessidade de capital de giro e estoques para um vendedor de rua. Nesse sentido, o autônomo teria comportamento semelhante ao de empresários que recebem empréstimos.
Alimentação é prioridade – O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) entrevistou cinco mil titulares do Bolsa Família e constatou que o recurso é utilizado, principalmente, na compra de alimentos. Nestes domicílios, também aumentou de forma acentuada o consumo de cereais, leite, carnes e frutas, principalmente nas regiões mais pobres e locais onde a insegurança alimentar é maior. De acordo com a pesquisa do Ibase, para 87% das famílias o gasto com a alimentação é o principal destino dos recursos do Programa. Em seguida, o dinheiro, segundo os beneficiários, é utilizado na compra de material escolar (46%), vestuário (37%) e remédios (22%).
A pesquisa “Repercussão do Programa Bolsa Família na Segurança Alimentar e Nutricional das Famílias Beneficiárias” foi aplicada nos meses de setembro e outubro de 2007 em 229 municípios de todas as regiões brasileiras. O levantamento mostra que 94% dos titulares do cartão são mulheres, 78% vivem na área urbana, 65% são pretos ou pardos e 81% sabem ler e escrever. Em 46% dos domicílios a renda mensal total é inferior a um salário mínimo.
Em relação ao acesso a alimentos, cerca de 70% afirmaram que a quantidade e a variedade dos produtos consumidos aumentaram. Já 63% disseram que cresceu a compra de alimentos que as crianças gostam. Além disso, 76% , 68% e 61%, respectivamente, declararam que expandiu o consumo de cereais, leite e carnes. A quantidade de alimentos elevou-se mais entre as famílias com insegurança alimentar grave.

Desmatamento na Amazônia cai 62,8% em julho

O desmatamento na Amazônia teve queda de 62,8% em julho passado. Em relação ao mesmo período de 2007, a redução foi ainda maior: 68%. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a queda é recorde, mas ainda insuficiente. É o menor número desde março de 2008, quando o sistema detectou 145 km², porém naquele mês apenas 22% da Amazônia foram vistos pelos satélites porque a maior parte da região esteve coberta por nuvens. Minc avaliou que os números são conseqüência de uma série de ações do governo. Entre elas, maior fiscalização do Ibama, que dobrou o número de multas nos sete primeiros meses deste ano, quando foram lavrados 4,2 mil autos de infração. No período, o valor das multas atingiu R$ 1,07 bilhão. Ainda segundo ele, é preciso ter cautela, pois o desmatamento pode aumentar nos próximos meses, visto que ainda não estão criadas as bases para o desenvolvimento sustentável. E o desafio daqui para frente é criar empregos com a mesma velocidade que se reprime as atividades ilegais na floresta. De acordo com o sistema Deter - Detecção do Desmatamento em Tempo Real, do Inpe, 323 km² da Amazônia Legal sofreram corte raso ou degradação progressiva no mês passado, quando os satélites puderam observar 81% da região. Em abril, maio e junho, o Deter apontou, respectivamente, o desmatamento de 1.124, 1.096 e 870 km², números já indicativos da tendência de queda. Dos 323 km² de desmatamento verificados em julho, 235,6 km² estão no Pará. No Mato Grosso foram 32,7 km². Resolução - O ministro destacou também a entrada em vigor, em 1º de julho, da resolução do Banco Central que incluiu critérios ambientais e fundiários para financiamento no bioma Amazônia. Além disso, o governo fechou uma série de acordos com as cadeias produtivas da madeira, de minérios e da carne, que se comprometeram a não comprar de fornecedores ilegais. Outra mudança foi a estratégia de fiscalização nos entroncamentos rodoviários, como nas BRs 364 e 163. Apesar da forte queda do desmatamento em maio, junho e julho, Minc estimou que a taxa de corte raso, ou degradação progressiva, em todo o ano de 2008 ficará em patamar semelhante ao do ano passado, cerca de 12 mil km².

Anatel fixa em R$ 4,00 o valor máximo pela portabilidade

Em entrevista coletiva à imprensa realizada sexta-feira (29), a Agência Nacional de Telecomunicações informou ter fixado em R$ 4,00 o valor máximo que poderá ser cobrado do usuário pela portabilidade numérica. A portabilidade possibilita aos usuários do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e do Serviço Móvel Pessoal (SMP) a mudança de prestadora e a manutenção do número do telefone fixo ou do telefone celular.
A portabilidade começa a ser implementada a partir de hoje, 1º de setembro, nas localidades com códigos nacionais 14 (São Paulo), 17 (São Paulo), 27 (Espírito Santo), 37 (Minas Gerais), 43 (Paraná), 62 (Goiás), 67 (Mato Grosso do Sul) e 86 (Piauí), que totalizam 17,5 milhões de assinantes (10% dos acessos em serviço no Brasil).
Todo o Brasil estará coberto pela portabilidade nas telefonias móvel e fixa a partir de 1º de março de 2009. Até 10 março de 2010, as operadoras terão prazo máximo de cinco dias úteis para atender a solicitação do usuário. Dessa data em diante, o prazo será de três dias úteis.
Participaram da entrevista coletiva o presidente da Anatel, embaixador Ronaldo Mota Sardenberg, e os conselheiros Pedro Jaime Ziller de Araújo e Plínio de Aguiar Júnior.
Na avaliação do presidente da Anatel, a portabilidade é um estímulo à competição, à redução nos preços e à melhoria na qualidade do atendimento ao usuário.

Brasil já possui 220 mil milionários, mostra pesquisa

O Brasil está entre os países em que o número de milionários mais cresce. Estimativas do The Boston Consulting (BCG) indicam que 220 mil brasileiros detêm, juntos, US$ 1,2 trilhão aplicado no mercado financeiro. Para fazer parte desse time, é preciso ter investido pelo menos US$ 1 milhão. Há dois anos, os brasileiros formavam grupo de 130 mil integrantes com US$ 1,1 trilhão.No ano passado, o Brasil chamou a atenção dos pesquisadores do BCG, que registraram um acréscimo de 60 mil novos participantes, aumentando a lista nacional de milionários para 190 mil. Por isso, uma equipe do BCG veio ao país especialmente para fazer um levantamento local. O estudo ainda não foi publicado, mas estima-se que os números deverão acompanhar o crescimento registrado nos anos anteriores, em torno de 16%. - DeFato.

Produção industrial sobe em dez de 14 regiões

A produção industrial subiu em dez das 14 regiões pesquisadas em julho na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE. Na média nacional, a indústria apresentou alta de 1% na mesma base de comparação. Os principais incrementos foram verificados em Goiás (3,1%), Pará e Amazonas (2,3% cada um), Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo (2,1% cada), Minas Gerais (1,8%) e Bahia (1,5%). Essas regiões ficaram acima da média nacional. Ao mesmo tempo, tiveram queda na passagem de junho para julho Pernambuco (-3,2%), Ceará (-1,4%), Rio Grande do Sul (-1,1%) e região Nordeste (-1,0%). Cresceram abaixo da média Rio de Janeiro (0,6%) e São Paulo (0,3%). Na comparação com julho do ano passado, a atividade industrial cresceu em 13 das 14 regiões analisadas. Na média nacional, a indústria cresceu 8,5%, quando se utiliza a mesma base de comparação. - DeFato

Inflação para baixa renda é a menor desde junho de 2006

A inflação para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos é a mais baixa desde junho de 2006. A queda no preço dos alimentos derrubou o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor -Classe 1) para -0,32% em agosto, menor taxa em mais de dois anos. Pela primeira vez no ano, os preços para essas famílias ficaram abaixo do que foi verificado pelo IPC-BR, que mede a inflação para famílias com renda até 33 salários. O resultado deve-se principalmente à deflação de 1,35% nos preços dos alimentos, que respondem por quase 40% dos gastos das famílias mais pobres. Em escala menor, também foi beneficiado pela variação de -0,33% no grupo vestuário e pela desaceleração de 0,97% para 0,22% no grupo saúde e cuidados pessoais. - DeFato

Lula decide privatizar Galeão e Viracopos

O Ministério da Defesa e o BNDES vão antecipar os planos para a reformulação da infra-estrutura aeroportuária do País e incluir nos estudos, por ordem do presidente da República, a possibilidade de privatizar os aeroportos do Galeão (Rio) e de Viracopos (Campinas/SP). Sérgio Cabral, um dos maiores defensores da privatização, disse ontem, em Londres, onde cumpre agenda de encontros econômicos, que “o presidente me informou que se reuniu nesta semana com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e que nas próximas semanas o modelo da concessão será finalizado. Para nós, do Rio, é uma notícia extraordinária, já que estamos em campanha para sediar as Olimpíadas de 2016”. O Palácio do Planalto e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmaram ontem a decisão. Segundo O Estado, os estudos da União também avaliam a proposta de uma parte considerável do governo, que sugere como melhor alternativa a abertura do capital da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), que controla os dois aeroportos. - DeFato.

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Bolsa cai ao menor nível em 1 ano
O Estado de S.Paulo: Lula autoriza plano para privatizar Galeão e Viracopos
Jornal do Brasil: As tropas vêm aí
O Globo: Lula aceita idéia de Cabral e decide privatizar Galeão
Gazeta Mercantil: Investidor foge do risco e causa queda de 3,96% na Bovespa
Valor Econômico: Pessimismo mundial atinge bolsas e dólar vai a R$ 1,722
Correio Braziliense: Erro leva médicos do DF a júri popular
Estado de Minas: Sindicatos vão à luta por gatilho salarial
Jornal do Commercio: Médicos dão trégua
Correio do Povo: Nestlé anuncia 2ª fábrica no RS
Zero Hora: Negócios da Expointer já superam recorde de 2007

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Governo Federal apresentará em Angola seu Portal do Software Público


“A experiência do Software Público Brasileiro (www.softwarepublico.gov.br) será apresentada no continente africano durante o 1º Fórum de Software Livre de Luanda http://www.fsl-luanda.com/, que ocorre entre os dias 26 e 27 de junho, em Angola.
Além da apresentação sobre a organização e o funcionamento dessa iniciativa, prevista para o primeiro dia do evento, também serão realizadas reuniões entre o governo brasileiro e o angolano para tratar de ações de compartilhamento e colaboração de soluções entre os dois países.
O Portal do Software Público é coordenado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento. Na avaliação do coordenador do portal, Corinto Meffe, a experiência de compartilhamento inaugurada pelo governo brasileiro tem chamado atenção de outros países. “Não se trata somente de disponibilização de soluções, mas de uma preocupação com o todo o ecossistema que envolve a produção de softwares, ou seja, com a demanda por soluções, por prestadores de serviço e pela cadeia de desenvolvimento”, destacou Meffe.
A experiência do Portal do Software Público Brasileiro também será apresentada neste ano em eventos na Argentina, Peru e Venezuela. A iniciativa conta com mais de 22 mil usuários, 15 soluções disponibilizadas e mais de 110 prestadores de serviços já cadastrados.
Outra iniciativa brasileira que estará em destaque no Fórum em Luanda é do Mercado Público Virtual (www.mercadopublico.gov.br). O espaço é coordenado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD), em parceria com a SLTI, e foi organizado para facilitar o acesso aos prestadores de serviço para as soluções públicas e livres que se encontram no Portal do Software Público. A intenção é fortalecer o contato entre o usuário que demanda por determinada solução e a oferta de serviços.” - Coordenação do Portal do Software Público (guialivreΘplanejamento·gov·br)

Presidente Lula reajusta em 8% benefícios do Bolsa Família

O valor máximo do benefício do programa Bolsa Família pago às famílias com renda mensal de até R$ 60 vai subir, a partir de julho, dos atuais R$ 172,00 para R$ 182,00. Com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reajustar em 8% os benefícios do programa, o valor mínimo pago às famílias pobres do país também vai passar de R$ 18,00 para R$ 20,00.

O programa Bolsa Família reúne três tipos de benefícios. Pelo tipo básico, o pagamento é de R$ 58,00. É destinado às famílias consideradas extremamente pobres, aquelas com renda mensal de até R$ 60 por pessoa.
Nas famílias com renda per capita entre R$ 60 e R$ 120, o benefício é de R$ 18 --limitado a três crianças e adolescentes --que subirá para R$ 20. O valor máximo do benefício vai saltar de R$ 172 para R$ 182 àquelas famílias com renda até R$ 60, com mais de três filhos que recebem o benefício para básico, além de dois jovens matriculados regularmente nas escolas.
O benefício do tipo que considera o número de adolescentes por família é no valor de R$ 30. É pago a todas as famílias ligadas ao programa que tenham adolescentes de 16 e 17 anos freqüentando a escola. Cada família pode receber até dois benefícios variáveis vinculados ao adolescente, ou seja, até R$ 60.
Com o reajuste, todos os beneficiários do programa terão aumentos --uma vez que os valores pagos pelo programa variam atualmente de R$ 18,00 a R$ 172,00, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças e adolescentes até 17 anos.

Pedágio nas rodovias paulistas sobe até 20%

As tarifas de pedágio nas rodovias do estado de São Paulo (as mais altas do Brasil) concedidas à iniciativa privada terão reajuste de até 20% a partir de 1º de julho, terça-feira. A tabela com os novos valores que serão cobrados dos motoristas foi divulgada ontem pela Artesp (agência que controla as concessões), ligada ao governo José Serra (PSDB). O posto de cobrança individual mais caro do Estado, no sistema Anchieta-Imigrantes, vai subir de R$ 15,40 para R$ 17 – aumento de 10,39%. Nas marginais da Castello Branco, a tarifa unitária para os veículos de passeio sobe 12,5%, de R$ 5,60 para R$ 6,30. O reajuste é previsto nos contratos firmados desde 1998 e toma por base a variação do IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas, durante 12 meses.

Crédito atinge R$ 1 trilhão em maio e chega a 36,5% do PIB

O saldo de operações de crédito no sistema financeiro brasileiro atingiu R$ 1,044 trilhão em maio, o que significou um crescimento de 2,6% sobre o total emprestado em abril e uma alta de 32,4% nos acumulado dos últimos 12 meses. De janeiro a maio deste ano, o estoque de crédito no País cresceu 11,6% em relação ao mesmo período de 2007. O volume das operações de crédito com recursos livres somou R$ 746,5 bilhões em maio, com avanço de 2,9% no mês e de 36,1% em 12 meses. Já as operações de crédito com recursos direcionados (que têm vinculação obrigatória com determinadas modalidades) somaram R$ 297,858 bilhões, com alta de 1,9% no mês e de 24% em 12 meses. O total de operações de crédito representou em maio 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 36,2% do PIB no final de abril. Em maio do ano passado o estoque de crédito representava 31,9% do PIB. As operações de leasing totalizaram em maio R$ 86 bilhões, equivalente a um crescimento de 5,8% ante abril e de 105,4% em 12 meses. As operações que mais cresceram foram as de leasing para pessoas físicas, com alta de 8,9% no mês e de 128,6% em 12 meses, totalizando R$ 42,387 bilhões. O leasing para pessoas jurídicas subiu 2,9% no mês e 86,9% em 12 meses, atingindo R$ 43,619 bilhões. O crédito para pessoa física já dá sinais de desaceleração, na avaliação do Banco Central (BC). Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os números mostram que as famílias continuam tomando empréstimos, mas em ritmo menor que o de alguns meses atrás. Nas transações voltadas às empresas, porém, o ritmo continua forte, ante a demanda interna aquecida e o menor uso do mercado de capitais.

Cai o risco de racionamento de energia em 2009 e 2010

Diminuiu o risco de racionamento de energia em 2009 e 2010, informou ontem o Instituto Acende Brasil, que representa os investidores privados do setor elétrico. Estudo feito com a Consultoria PSR indica que, com base nos dados atuais e em um cenário de referência, o risco de o País ter racionamento em 2009 caiu dos 7,5% divulgados na pesquisa de fevereiro para 3%. Os riscos para 2010 foram reduzidos de 9,5% para 5%. Os riscos estão no limite da tolerância de até 5% que o governo trabalha. O cenário de referência do Acende Brasil considera um aumento da demanda por energia de 5,1% ao ano e o cumprimento no cronograma de entrada de novas usinas. O presidente do instituto, Cláudio Sales, afirmou que a redução dos riscos reflete a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, obtida com o acionamento das usinas termelétricas. - DeFato

Infra-estrutura deve receber R$ 86,6 bilhões este ano

A estimativa é da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria de Base (Abdib), o que representa um aumento de 3% em relação ao realizado em 2007, segundo o estudo "Necessidade e Realidade de Investimentos em Infra-Estrutura". De acordo com o presidente da entidade, Paulo Godoy, o valor previsto para este ano corresponde a cerca de 80% das necessidades do país. Do total, o setor de petróleo e gás natural, incluindo as áreas de exploração, produção, abastecimento e energia térmica, exige R$ 41,4 bilhões anualmente em investimentos. Para a área de energia elétrica, incluindo as áreas de geração, transmissão e distribuição, requer investimentos de R$ 21 bilhões por ano. Para os transportes, R$ 21,8 bilhões, incluindo rodovias, ferrovias, portos, hidrovias, aeroportos, metrôs e transporte urbano sobre trilhos, e para as telecomunicações R$ 13,5 bilhões por ano. O setor de saneamento básico fecha a lista com R$ 10,5 bilhões por ano. Ainda segundo o estudo, todas as áreas relacionadas à infra-estrutura do país receberam investimentos de R$ 338,3 bilhões, entre 2003 e 2007. - DeFato

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: Justiça Eleitoral veta obra e Exército deixa morro no Rio
Agora S.Paulo: Pedágios nas estradas paulistas sobem 11,5% na terça-feira
O Estado de S.Paulo: Donos da Varig têm dívida de R$ 377 milhões com a União
Jornal do Brasil: Exército esconde dados sobre tráfico
O Globo: Juiz pára obra de Crivella por uso eleitoral e o Exército sai
Gazeta Mercantil: Petrobras admite criação de sociedade para explorar pré-sal
Valor Econômico: Indústria de fertilizantes antecipa investimentos
Estado de Minas: Violência viaja para o interior
Jornal do Commercio: Brasil é 3º país com maior crescimento de fortunas
Correio do Povo: Morre Ruth Cardoso
Zero Hora: Sindicância do governo do Estado responsabiliza 47 por fraude no Detran

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Cinema: Antes Que o Diabo Saiba que Você Está Morto


Sinopse: Dois irmãos planejam assaltar uma joalheria e assim resolver seus problemas financeiros. Só que a loja pertence aos pais deles.


O veterano cineasta Sidney Lumet andava meio sumido das telas brasileiras. Seu último trabalho a chegar aos cinemas do país foi a refilmagem de Glória (1999). Mas com seu recente Antes que o diabo saiba que você está morto, ele retorna em grande estilo, com um de seus melhores longas.
Protagonizado por Albert Finney, Philip Seymour Hoffman e Ethan Hawke, este é um drama familiar que se esconde sob a aparência de filme policial. A trama é apresentada fora da ordem cronológica, com letreiros indicando um período que vai desde quatro dias antes de um assalto até uma semana depois dele. A ação que desencadeia a narrativa é o roubo de uma joalheria. Seria algo até ordinário, não fosse o fato de o golpe ser planejado pelos filhos dos proprietários.
Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto é a narrativa de uma descida ao inferno, do ponto de vista espiritual, moral e físico, de uma família aparentemente normal. A grandiosidade com que os temas são abordados – em especial a lealdade e a traição – dá um tom sombrio, que conduz a questionamentos de grandes proporções. O roteiro é assinado pelo estreante Kelly Masterson – um ex-franciscano que parece conhecer bem o conflito entre as coisas mundanas e os dilemas morais.
As relações entre os personagens são reveladas aos poucos, expondo uma rede de traições e mentiras dentro da família. Andy (Hoffman) trabalha numa grande empresa imobiliária, mas as coisas não andam muito bem. Um dinheiro extra viria a calhar. Ele chama o irmão Hank (Hawke) para ajudar num roubo. Este, porém, fica com medo, e delega a função a um amigo. O alvo é a loja dos pais (Finney e Rosemary Harris). O plano não dá certo e começa então uma cadeia de incidentes que vão, aos poucos, destruindo a família.
Ao longo de sua carreira de quase 60 anos, Lumet tornou-se um ícone para o cinema, influenciando gerações. Seus grandes trabalhos (Rede de Intrigas, Um Dia de Cão, Serpico) aconteceram especialmente na década de 1970, a maioria deles baseados em histórias reais. Aqui, porém, ele constrói uma ficção povoada de personagens que parecem gente de verdade – embora, nenhum deles seja simpático ou tenha o mínimo de altruísmo.
Um personagem comenta meio ao acaso que ‘este mundo é um lugar mau’ – não tão ao acaso, essa afirmação é, aos poucos, comprovada. Outra máxima que ganha vida em Antes Que o Diabo Saiba que Você Está Morto é que ‘o crime não compensa’. Há muito tempo, nenhum filme provava isso com tanta propriedade. - Alysson Oliveira, Cine Web.

Partido dos Trabalhadores fará a festa no interior

Quatro anos depois de perder a Prefeitura de São Paulo, a mais importante do país, o PT está confiante de que terá um desempenho eleitoral superior ao de 2004, quando elegeu cerca de 400 prefeitos, mas colheu um resultado aquém do esperado nas capitais. Para o cientista político Alberto Carlos de Almeida, do Instituto Análise, autor do livro A cabeça do eleitor, o otimismo tem fundamento: o PT deve eleger cerca de 15% dos prefeitos do país, duplicando o número de cidades que administra, embora, como em 2004, predomine o crescimento em pequenos e médios municípios.
O maior trunfo petista é a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, que lidera a disputa em São Paulo e pode voltar à prefeitura favorecida pelo confronto entre o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2004, Marta foi derrotada pelo atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que fez da gestão municipal um trampolim para chegar ao Palácio dos Bandeirantes. Agora, Marta adota a mesma estratégia, mas pode alçar vôos mais altos em 2010 se ganhar a eleição, pois passaria a ocupar o primeiro lugar na fila de possíveis candidatos petistas à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. - Correio Braziliense - 23/06/2008

Manchetes do dia

Folha de S.Paulo: PSDB lança Alckmin em convenção esvaziada
O Estado de S.Paulo: Serra promove acordo e PSDB confirma Alckmin
Jornal do Brasil: Chacina deixa sete mortos no Rio
O Globo: PM começa a substituir Exército na Providência
Gazeta Mercantil: PAC e eleições impulsionam venda de asfalto
Valor Econômico: Decreto de Lula eliminará restrição a portos privados
Estado de Minas: Anel da morte: como pôr fim à carnificina
Jornal do Commercio: Previ agora é mais vendedora
Diário do Nordeste: Feirantes travam confronto com a Guarda Municipal
Correio do Povo: "Anjo de Luz" naufraga em SC e mata cinco
Zero Hora: Tolerância zero ao álcool começa com a prisão de 45 motoristas no Estado

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Novo ciclo de riquezas virá com a potência do petróleo

Em mais de uma hora de conversa descontraída, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, relembrou sua trajetória da linha de frente do movimento sindical até os dias atuais, como ocupante do palácio do planalto em segundo mandato. Também vislumbrou o futuro próximo, com o sonho de eleger o sucessor e sair para viajar pelo Brasil e não mais voltar ao poder. Ao enfileirar suas conquistas, primeiro como sindicalista, posteriormente como presidente, deixa-se levar pêlos ares majestosos da democracia.

O regime de liberdade sindical e eleitoral propiciou ao País asfaltar o caminho no rumo do desenvolvimento ao mesmo tempo em que exigiu dos movimentos sociais posturas propositivas. "No sindicato nossa marca registrada era a contestação. Hoje todos têm que apresentar propostas", avalia o presidente Lula. Sobre as reivindicações agrárias afirma que muitos ainda não entendem que o problema agora é de natureza econômica e não mais de assentamento. "Precisamos dar condições para (os pequenos agricultores) produzirem e ganharem dinheiro. As pessoas têm que saber que ganhar dinheiro é bom." Mais uma vez, afirma que o governo se manterá distante da tramitação do projeto de substituição da CPMF. "Essa será uma decisão do Congresso e graças a Deus as instituições no Brasil funcionam exageradamente bem."

Junto com a estabilidade monetária, alcançada desde a chegada do real, a continuidade democrática começa a descobrir o Brasil como uma das grandes forças da economia mundial. "Estamos trabalhando com o cenário de que o País será a terceira ou quarta maior potência do petróleo no mundo, não somente com exportação de óleo bruto, mas sim com uma verdadeira indústria com valor agregado por trás", afirma o presidente da república.

Para aproveitar esse novo ciclo de riquezas, Lula adianta que está discutindo com sua equipe a criação de um novo fundo de combate a pobreza e investimentos em educação. Além disso, no campo da educação contabiliza que "em 93 anos, o Brasil construiu 140 escolas técnicas federais, em oito anos, vamos entregar mais 214 unidades", diz satisfeito. O presidente ainda soma os avanços que também chegam com o biodiesel (em seu gabinete possui um mostruário com todas as matérias orgânicas usadas no processo produtivo) para olhar com otimismo os desafios que se apresentam no horizonte internacional com o despertar da inflação. "Acho que resolveremos a questão dos preços dos alimentos e temos mais investimentos sendo aplicados. Esse consumo vai virar oferta e levar ao equilíbrio do desenvolvimento sustentado." O presidente Lula defende os gastos com a máquina pública e afirma que o servidor ainda ganha muito mal. "Não há como prestar um bom serviço sem investir." Ao prometer neutralidade nas próximas eleições municipais, nega enfaticamente que considera a Ministra Duma Roussef sua candidata e favorita à sucessão em 2010. No plano internacional não admite que torce, mas saúda a oficialização da candidatura de Barak Obama na corrida presidencial nos Estados Unidos.

O presidente Lula recebeu os jornalistas da Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil na manhã de sexta-feira passada em sua sala no palácio do Planalto em Brasília

Gazeta Mercantil — Há mais de vinte anos o senhor começou uma caminhada para chegar até aqui. Do que o senhor se lembra dessa época?

— Eu durante muitos anos fui o sindicalista do ano da Gazeta Mercantil. E o António Ermírio era escolhido o empresário do ano. E eu também sempre tive uma relacionamento muito forte com o JB, que tinha um diretor em São

Paulo chamado João Batista Lemos. Foi quando começaram as greves do ABC. O JB tinha uma cobertura quase privilegiada. Não só pela minha amizade com o Lemos, como também porque o jornal tinha uma sucursal muito forte. Tem até uma história muito curiosa. Quando estive preso, ouviram pessoas me procurando na delegacia dizendo que "o chefe" queria falar comigo. "O chefe, o chefe, o chefe". Aí criaram essa história de que era o ministro Golbery do Couto e Silva, do governo. Nada disso. "O chefe" era o Lemos. O pessoal dele que entrou na delegacia dizendo que ele queria falar comigo. Só isso. Acho que, na época, o JB era o jornal que tinha mais atuação no ABC, era o mais lido na época O jornal tinha uma cobertura sindical forte. Tinha também, naquela época, uma cobertura muito forte de igreja.

GZM — Igreja e sindicalismo, eram coberturas muito fortes...

— Aquele momento também era de muita ebulição. De muitas conquistas. Pega o sindicato de São Bernardo do Campo. Para distribuir um jornalzinho do sindicato você tinha que enfrentar a ira de um coronel que chefiava a segurança da Volkswagen. Eles cercavam o pátio, a gente chegava com o caminhão, dava marcha a ré e quebrava aquela coluna Para o trabalhador entrar com o boletim do sindicato, ele tinha que guardar por dentro da camisa, na barriga, com medo da segurança ver. Hoje você vai na Volkswagen, você vai na linha de montagem, vai passando jornalzinho para qualquer trabalhador pegar o seu.

GZM — O movimento ficou muito mais pragmático?

Em São Bernardo do Campo as comissões de fábrica funcionam para caramba, 90% dos processos são resolvidos dentro da fábrica. Teve um tempo desses aí que eles tiraram 600 processos da Justiça, fizeram acordo pela fábrica, foram na Justiça com a empresa para retirar o processo. E uma coisa interessante é que eles criaram um sistema de votação que a pelegada não aceita, que é o seguinte: o Luís Marinho era ministro. Se o Marinho quisesse continuar sendo diretor do Sindicato de São Bernardo, ou se ele fosse presidente da CUT, ele teria que ser votado no setor que ele trabalhava. Se os trabalhadores do setor não votassem nele, ele estava fora da CUT, estava fora do sindicato. Qualquer diretor. O seu João é o atual presidente. Se ele quiser ser presidente ele tem que ser votado na seção dele.

GZM — Além da votação geral.

— Primeiro é votado na seção dele, aí ele vai para a comissão. Aí da comissão se escolhe quem vai ser diretor. E aí vai para o geral.

GZM — O senhor diria que o sindicalismo se adaptou aos novos tempos?

— Acho que o sindicalismo teve uma evolução em suas conquistas. Os sindicatos podem transitar nas suas relações com o capital ou mesmo com o governo com mais facilidade. Hoje, para fazer uma greve, um sindicato organizado nem precisa convocar assembléia. Eu precisava passar uma semana gritando na porta de fábrica. Agora convoca-se a comissão de fábrica no mesmo dia- "quarta-feira, 8 horas vamos estar lá". O sindicalismo atualmente vem ao Congresso Nacional brigar por Imposto de Renda, os funcionários públicos estão aprendendo a brigar por aumento na hora de fazer o novo Orçamento da União. O movimento sindical nunca deu importância para o salário mínimo porque normalmente os trabalhadores dos sindicatos organizados ganham mais que o mínimo. Hoje o mínimo é uma coisa que mobiliza os trabalhadores. No meu tempo, qual era a nossa marca registrada? Era a da contestação. Não tinha compromisso com propostas. Só o de protestar. Hoje, e eu participei muito disso na década de 90, o movimento sindical tem que ser propositivo. Na medida em que as fábricas não vão ter mais a quantidade de trabalhadores que tinham — a Volkswagen tinha 44 mil trabalhadores c hoje tem 13 mil — os sindicatos têm que ser mais propositivos, têm que apresentar propostas. Esse negócio de carro flexifuel, por exemplo, tem muito a ver. O sindicato passou oito anos fazendo proposta de renovação da frota

GZM — As lideranças sindicais não parecem ter se renovado? Qual a sua visão sobre esse processo?

— Alguns sindicatos se renovaram muito. Eu considero o sindicato de São Bernardo o mais bem organizado do Brasil E isso desde que foi fundado em 1959, porque ele nasceu com muita força, pois foi fundado junto com a indústria automobilística Em 1978 eu convoquei uma assembléia para proibir que alguém fosse presidente mais do que dois mandatos. Temos isso desde aquela época Eu entrei no movimento sindical em 1969, fui presidente sindical em 75, sai em 80, já fui candidato à presidência da república por três vezes, perdi as três eleições, fui candidato a governador, já estou no segundo mandato e tem gente que ainda é dirigente sindical daquela época que ainda estava no sindicato. Então a renovação é extremamente importante para o movimento sindical. Eu diria que tem duas categorias muito bem organizadas no movimento sindical hoje, os bancários e os metalúrgicos, que têm mais força Depois vêm os professores em alguns estados, como São Paulo, e os petroleiros, que também são muito organizados.

GZM — Quem o senhor escolheria como sindicalista do ano hoje?

— Eu entendo que o presidente do sindicato de São Bernardo do campo, o Feijó, é o mais competente sindicalista que nós temos no Brasil hoje. Eu escolheria ele.

GZM — O movimento social não evoluiu da mesma maneira. O MST lembra muito isso que o senhor está dizendo, que é de se tornar uma máquina de protesto.

— E muito difícil você fazer movimento social, e até sindical, em época em que as coisas estão indo bem. Quando o Fernando Henrique Cardoso fez o Plano Real, fiz uma reunião com os sindicalistas, e disse: não estamos acostumados a trabalhar em época de inflação baixa. Na medida em que você tem inflação baixa e que o salário não é o primeiro item da pauta de reivindicações, pode diminuir a força do sindicato. Voltando à questão do movimento social. Na medida em que você tem um governo que atende às reivindicações, que faz as coisas que têm que ser feitas, que decide as políticas em conjunto, o movimento social também precisa avançar. No caso dos sem-terra, na hora que você tem geração de emprego, tem menos gente para os assentamentos. Na hora que você desapropria 35 milhões de hectares de terras, o volume é muito alto. Em cinco anos e meio nós desapropriamos 35 milhões de hectares de terra e o governo passado, em oito anos desapropriou 18 milhões de hectares. Chega um momento, quando você assenta 501 mil famílias, que o problema não é mais assentar. Nós tomamos na semana passada a decisão de fazer os assentamentos produzirem mais alimentos. Acabar com essa loucura de gastar dinheiro para desapropriar a terra. Chegou a hora de dobrar ou triplicar a produtividade das pessoas que estão no campo. Não podemos permitir que fiquem apenas naquela agricultura de subsistência. Precisamos dar às pessoas condições para produzirem e ganharem dinheiro. 'Elas têm que saber que ganhar dinheiro é bom. E eu acho que isso é que tentaremos fazer daqui para a frente. Obviamente que vamos continuar com os assentamentos, mas eu quero carrear mais recursos para assistência técnica, e para levar tecnologia para os agricultores e financiar mais tratores.

GZM — Se baixassem um pouquinho os juros, isso não ajudaria a aumentar a produtividade?

— Hoje aproximadamente 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não têm nada a ver com a taxa básica do Banco Central, a taxa Selic. Você tem dinheiro tomado por empresários no exterior com outras taxas de juros, você tem todo o dinheiro do BNDES - R$ 90 bilhões este ano - financiado com outra taxa de juros. O grande prejudicado com a Selic é o próprio Estado, porque aumenta a dívida pública. O problema é a inflação. E por que há inflação? Porque algum setor está aumentando o preço. Se ninguém aumentasse o preço, não teríamos inflação. Há setores que estão aumentando preços porque dependem de matéria-prima internacional, mas não isso não explica o aumento do feijão, do arroz, que são coisas nossas. No caso do aço, o minério é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há como acompanhar o preço internacional. Tenho dito, tanto para os empresários como para os agricultores: está na hora de vocês começarem a fazer um alerta importante aos setores que estão aumentando preços. E qual é a alegação para aumentar preços? Aumenta a demanda na construção civil, aumentam os preços. Os empresários deveriam ter um procedimento diferente. Na medida em que aumenta a demanda, não precisa aumentar o preço. Vocês vão ganhar mais pelo aumento do volume de vendas. Qual a certeza com que eu trabalho? Primeiro, eu acho que nós resolveremos a questão dos alimentos. Segundo, a questão da oferta. Precisamos aumentar a produtividade. Temos terra, temos água. Por isso vamos melhorar a produtividade, qualificar melhor nossos agricultores. A segunda coisa importante é que temos mais investimentos sendo aplicados. Nesse primeiro momento o investimento se transforma em consumo. Está sendo construída a usina da ThyssenKrupp no Rio de Janeiro. Então ali estão comprando telhas, cimento, ferro, tudo o mais, que aumenta a demanda. E só consumo. Mas se está construindo o pólo petroquímico no Rio de Janeiro. Daqui a algum tempo esse consumo vai virar oferta. E aí é que eu acho que a coisa encontra o equilíbrio, a fim de garantir o desenvolvimento sustentado do país. Trabalho sempre com a idéia de que o Brasil não precisa ficar com o trauma de que não pode crescer mais de 3% e nem o trauma de que precisa crescer 10%. O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5%, durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso, nós entraremos no rol dos países ricos.

GZM — O ministro da Fazenda, Guido Mantega, propõe a criação do Fundo Soberano para segurar a, inflação. Os economistas falam em controlar os gastos públicos.

— Por que nós criamos o Fundo de Soberano? Porque dá margem de manobra para você ter um dinheiro para facilitar os investimentos do Brasil no exterior e ao mesmo tempo ele dá uma margem de manobra com a arrecadação a mais, a fim de não colocá-la no custeio e ter um dinheiro à parte, que pode ser contado até como superávit primário. Fiz questão de elogiar o Mantega e a equipe dele, porque foi uma medida extremamente inteligente. Então, quando as pessoas falam que a máquina gasta muito, eu queria dizer o seguinte: quanto o Franklin Martins (ministro-chefe da Secretaria de Comunicação) ganhava na Rede Globo, ou quanto ele ganhava na TV Bandeirantes? E quanto ele ganha aqui? R$ 10 mil, para trabalhar certamente o triplo do que ele trabalhava. Ontem recebi o Ricardo Kotscho (ex-secretário de imprensa do Palácio). Está trabalhando num blog. Ele disse que nunca ganhou tanto dinheiro. Ficou três anos aqui ganhando R$ 7 mil. Eu tinha um cidadão da Petrobras, que saiu da Petrobras, chorou aqui nesta sala, grande companheiro. Eu achei que ele ganhava demais - R$ 26 mil por mês. Achei que era um baita de um salário. Ele saiu para ganhar R$ 200 mil por mês com dois anos de pagamento adiantado. E agora já saiu para ganhar R$ 400 mil. Você tem um grau de funcionários de alta qualidade neste país que ganha porcamente. O Estado precisa ter funcionários qualificados, bem remunerados, para dar o retorno para a sociedade. As pessoas perguntam, por que o Hospital Sarah Kubitschek funciona e as pessoas são felizes lá? Porque ganham bem, têm jornada de trabalho integral, não podem trabalhar em outro serviço.

GZM — Como o senhor vê as eleições nos Estados Unidos. Torce para alguém?

— Não, não posso dizer. O Monteiro Lobato escreveu que um dia haveria uma disputa entre uma mulher e um candidato negro nos Estados Unidos. E o que está acontecendo com o Barack Obama. Eu acho que é uma revolução na cabeça do eleitorado americano. Essa é a grande novidade desses últimos 100 anos da História. E Deus queira que, ganhando as eleições, ele possa ter uma política dos Estados Unidos diferente para a América Latina.

GZM — O senhor o conheceu pessoalmente?

— Não. Mas tem a vantagem que o Mangabeira Unger (ministro de Assuntos Estratégicos) foi professor dele em Harvard. E um companheiro, indiretamente... (risos)

GZM — O senhor o congratulou pela vitória nas primárias?

— Não. Até conversei com o Mangabeira, o ideal é esperar pelo final da campanha, para saber qual será a política dele para a América Latina, o que ele já fez com relação ao Brasil, quanto aos combustíveis de fontes renováveis. É um passo importante. A meu ver os Estados Unidos deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Hoje não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. Hoje todos os países estão participando de programas democráticos. Agora o que acontece é que os Estados Unidos, de um lado, têm a responsabilidade, o Brasil, de outro, tem a mesma responsabilidade, assim como o México, de contribuir para que essa região se desenvolva e possa evoluir em paz. Acho que o novo presidente deveria ter um olhar positivo para a América Latina e espero que tenha. O McCain também fez muitas visitas ao Brasil. Espero que ambos tenham um olhar diferente para a América Latina. A segunda coisa é a nossa política internacional. Eu me convenci de que o Brasil poderia ter uma inserção maior nas decisões do mundo e mudar um pouco a lógica do predomínio europeu. Era preciso criar alguma coisa nova. Foi um passo extremamente importante que nós demos, um passo extraordinário, e hoje o Brasil tem uma relação internacional, tanto política quanto industrial, muito diversificada.

GZM — Aqui no Brasil, o senhor acha que vai conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff em 2010?

— Eu não tenho candidato.

GZM — O senhor declarou há poucos dias que a Dilma está sendo atacada por ser a favorita.

— Não declarei isso. Estranhamente, isso surgiu quando disse no Rio de Janeiro, que Dilma era a mãe do PAC. Porque ela trabalha nesse PAC 24 horas por dia, porque ela controla todos os investimentos do PAC, ela que fica sabendo se é preto, se é roxo, ela é que chama os ministros, ela é que presta contas para mim a cada mês, é ela que presta contas para a imprensa. Depois que eu disse isso, talvez os adversários entenderam que era uma senha. E começaram a atacar a Dilma.

GZM — Estão atacando a Dilma por ela ser a favorita para ganhar as eleições?

— A minha idéia é construir uma candidatura da base do governo. Quero juntar todos os partidos. Acho que é plenamente possível. Você tem 27 candidatos a governador, 54 candidatos a senadores, você tem vices, cargo não falta para quem quiser disputar. Basta que as pessoas decidam claramente se querem disputar a eleição para ganhar ou se querem fazer aventura de ser candidato a qualquer preço. Eu, particularmente, trabalho com a hipótese de fazer a minha sucessão. Estou convencido que o tudo que estamos fazendo precisa continuar. Eu ainda não tenho candidato, não quero discutir isso. Agora, se você perguntar: "A Dilma tem competência?" Eu digo, tem, sim. Acho que tem pouca gente no Brasil hoje com a capacidade gerencial que a ministra Dilma tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico.

GZM — Qual legado o senhor entende que deixará ao sucessor?

— Vamos esperar 2010. Eu pretendo fazer uma inovação no final o meu mandato. No final do meu mandato eu quero pegar todas coisas que foram feitas. Cada ministério vai ter que me entregar tudo o que foi feito nesses últimos anos, registrar em cartório e me entregar, que eu quero entregar para o meu sucessor, quero entregar para a imprensa, registrado em cartório. Cada coisa que nós fizemos, cada obra, cada projeto, cada investimento, que é para não apagar a memória. Tudo isso está no computador. Se você entrar no computador hoje, isso aqui, que é um documento especial do presidente da República, se vocês entrarem no site, vocês terão todo dia, renovado todo mês, vocês entrarão no site do governo e terão tudo o que o governo está fazendo. E aí, sim, eu vou ter o legado. Eu vou ter o legado da recuperação da memória brasileira, quero ter isso na minha conta, quero ser o presidente que mais fez escolas técnicas neste país. Quero ser o presidente que no seu mandato fez mais universidades. Tudo isso, que mais melhorou a vida dos trabalhadores brasileiros, que mais estabeleceu relações com a sociedade. Acredito piamente que nós precisamos consolidar a mudança do padrão da relação entre o Estado e a sociedade. Veja uma coisa: na semana passada se criou uma celeuma se eu iria ou não à Conferência Nacional do Movimento GLBT. É um absurdo. Você imagina que o preconceito perpassa na cabeça de cada jornalista, a cabeça de cada interante do governo, a cabeça de cada pessoa, porque o preconceito é generalizado. Você imagina... Eu sou, na história do mundo, o primeiro presidente a ir a uma conferência em que você tem lésbicas, .travestis, homossexuais. E eu fui lá e se não tivesse escrito nos cartazes que era GLBT, eu sairia como se estivesse em qualquer outro encontro que não fosse desse movimento. Agora, nós criamos o preconceito. E eu dizia para eles: ninguém tem preconceito quando vocês vão votar. Ninguém tem preconceito quando vocês vão pagar Imposto de Renda. Eu acho o preconceito a pior doença na cabeça do ser humano.

GZM — Por falar em preconceito, no Rio de Janeiro, por exemplo, o PMDB e o PT romperam a aliança em torno da candidatura do petista Alessandro Molon. Motivo: existia uma grande dificuldade de acordo com o PT no interior do Estado. O senhor não acha que existe um certo preconceito do PT com os partidos aliados?

— Não vamos misturar divergências político-ideológicas com preconceito. São duas coisas distintas. O PT, como os outros partidos políticos tem os seus defeitos. Todo partido político, do A ao Z, todos gostariam de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice ser seu, a chapa de vereador ser puro sangue e eleger todo mundo. É bom que isso não seja sempre possível, para que nós possamos ter a cabeça arejada. Mas, infelizmente, não deu certo no Rio de Janeiro entre o PT e o PMDB, embora tenha dado certo em vários outros lugares.

GZM — Mas como o senhor vê o caso de Belo Horizonte?

— Sou um crítico do comportamento do PT em relação a Belo Horizonte. Você tem um problema local, que a direção municipal aprovou, a direção estadual aprovou, e a direção nacional parte para cima de uma briga que não é nossa. Ora, o candidato é do PSB, o vice é do PT, não vai ter coligação na chapa de vereadores, onde é que está o Aécio Neves a essa altura, senão apenas apoiando? Qual é o estigma, se nós temos em outros lugares aliança com o PFL e com o PSDB? Na política também quando você cria estigmas contra as. pessoas, você começa a perder. Eu ainda acredito que o PT vai voltar atrás no caso de Belo Horizonte.

GZM — E no caso do Rio?

— No caso do Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Eu não posso dizer que não deva ter porque o partido tem o governador do Estado, é forte, pode ter. Agora, o que eles têm que admitir é que o PT também tem que ter candidato. O que eu acho é que se todos tivessem juízo a base do PT se uniria com o candidato a vice e a prefeito, ganharia as eleições e ajudaria a transformar o Rio de Janeiro na Cidade Maravilhosa.

GZM — Isso vai fazer com que o senhor tenha que ficar neutro na disputa do

Rio

— Já tomei a minha decisão antes. Eu participarei muito pouco das eleições municipais em todo o país. O presidente da República não vai se meter nas eleições municipais, porque tem muitos deputados concorrendo às eleições. E a glória de quem ganhar vai ser dele, na cidade dele. Vai ter festa, não vou ficar nem sabendo. Mas os que perderem voltarão para cá azedos. E aí eu tenho que conviver com eles mais dois anos. Então eu preciso saber que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Eu preciso governar este país até 2010, com a tranqüilidade que estamos governando agora. Por isso não farei das eleições municipais um cavalo de batalha.

GZM — O que o senhor achou do depoimento da diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu?

— É como se alguém levantasse pela manhã, fosse fazer um suco de laranja e a laranja não tivesse suco. Ou seja, como é que podem alguns senadores passarem 9 horas naquela conversa com ela, sem nada. Espremiam, espremiam e, nada. Ò que deu? Qual é o resultado daquilo? Esse caso da Varig foi inteiramente cuidado por um juiz, começou e terminou. Não houve participação do governo, porque o governo não podia fazer nada. Estava na mão do Judiciário. Agora vêm as pessoas e dizem: mas o governo tinha pressa. Lógico que nós tínhamos pressa. A Varig estava quebrada. Todo dia a manchete era sobre o caos aéreo. Vejam o caso do avião de Congonhas. Foi o pior inferno que eu já vivi. De repente, estou sentado na minha mesa e jogam nas minhas costas 200 mortos. E eu acompanhei tudo que se escreveu, acompanhei televisão, mudava de canal toda hora. Era como se o governo fosse o responsável por aquele avião ter caído. Nós não parávamos nem para pensar. E no dia seguinte saiu o vídeo da Infraero mostrando o que realmente aconteceu. As pessoas simplesmente apagam da memória, sem um pedido de desculpas. Ou um "erramos". Apagam, esquecem. Eu penso que, no Brasil, a imprensa trabalha com traumas. Não tem coisa que magoe mais um jornalista do que ser chamado de chapa-branca. E às vezes, o medo de ser chapa-branca faz ele extrapolar os limites do que pode fazer. O telespectador é mais inteligente do que a gente pensa. Ele saca. O, telespectador não acredita nem em uma pessoa que só fale bem, nem em uma pessoa que só fale mal. Se você aparecer 20 vezes falando bem do governo, ninguém acredita. Se você aparecer 20 vezes só falando mal, também ninguém acredita.

GZM — A Gazeta publicou recentemente um estudo mostrando que há 5 milhões de brasileiros trabalhando pelo mundo. Como se tivéssemos um Estado dos Emigrantes. O Banco Mundial estima que esses brasileiros mandam para o Brasil cerca de USS 7,5 bilhões por ano. O que o Brasil pode fazer por esses emigrantes que estão trabalhando lá fora? Como o senhor vê a contribuição desses brasileiros, que saem das suas localidades para buscar uma alternativa.

— Num país que não gerava emprego e com razoável crescimento demográfico, é justo que as pessoas procurem um lugar no planeta para trabalhar. Um belo dia os alemães descobriram o Brasil, em 1850. Em 1865 os italianos descobriram o Brasil. Como os japoneses descobriram o Brasil em 1908. Depois vieram os espanhóis. Tenho amigos que estavam trabalhando no Brasil e que viram na convocação para trabalhar lá fora uma oportunidade de aprender uma língua a mais, de dar uma melhor educação para os filhos. E essas pessoas contribuem muito com o Brasil, de forma extraordinária, mandando para cá os seus salários. No mundo globalizado, acho que as pessoas vão cada vez mais transitar. Mas aquelas que foram pura e simplesmente por emprego, na medida em que começa a haver oportunidades aqui, elas voltam. Veja o que vai acontecer: nós assinamos um decreto de concessão da hidrelétrica do Rio Madeira. Nós precisamos contratar, em caráter emergencial, 50 engenheiros. E não tem aqui no mercado. Nós vamos ter que buscar os brasileiros que estão lá fora. Acho ótimo. E se não tiver nossos, contrataremos argentinos, engenheiros de outro países. Acho isso uma coisa boa. Temos brasileiros no Japão, temos brasileiros na Itália. Estou sabendo que a Itália tem agora uma propensão a convidar brasileiros para irem para lá. Acho uma coisa boa. Da mesma forma que eles estão aqui. A cultura brasileira não seria o que é se a gente não tivesse nas raízes a cultura alemã, espanhola, japonesas. Isso enriquece. Obviamente que há uma tendência natural, de que, quando alguém fica bem de vida, começa a deixar de receber os parentes mais pobres. Se você é pobre, você não esquece de ir na casa do seu amigo para tomar uma cerveja. Mas se ganha na loteria, já vai colocar um portão, um cadeado, já não está para mais ninguém. Os países são assim. Quando estão ficando mais ricos, eles não querem que os pobres transitem por lá. A direita, nestes países, tem um discurso muito agressivo, e a esquerda não tem discurso. A esquerda não defende os imigrantes porque acha que vai perder voto. Eu estava dizendo ao meu companheiro Zapatero que acho que a esquerda tem que construir um discurso. Qual é o discurso? Nós precisamos ajudar os países pobres a se desenvolverem porque aí as pessoas virão para cá como turistas e vão comprar os nossos produtos. É o único jeito de vocês evitarem a imigração. Se as pessoas continuam pobres e a Europa, rica, as pessoas vão querer ir para lá. Se o Brasil crescer sozinho e a América do Sul não crescer junto, virá muita gente para cá. Então nós temos responsabilidade de compartilhar o nosso crescimento com os países da América do Sul e com os nossos vizinhos.

GZM — O caso dos estrangeiros comprando terras na Amazônia

— Eu participei de uma reunião para discutir o problema da Amazônia. Estamos preocupados com a presença de estrangeiros com grandes propriedades na Amazônia. Foi criada uma comissão para examinar a questão a fundo. Teremos que tomar uma decisão, para ter controle de quem ocupa essas terras. Uma coisa é você comprar uma gleba e nela trabalhar e produzir, conforme a lei Outra é violar a nossa soberania sobre as terras brasileiras.

GZM — E essa descoberta de petróleo?

— Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. Ò Brasil não pode se conformar a ser um país exportador de petróleo bruto. Nós precisamos usar essa potencialidade em petróleo e criar uma verdadeira indústria petroleira neste país. Um estaleiro para construir sonda, um estaleiro para construir plataforma, um estaleiro para construir embarcações. Hoje, se a gente tivesse que completar todas as sondas que a Petrobras precisa para começar a trabalhar, a gente não teria condições só com a produção brasileira. Será preciso a gente trazer de fora para que dê tempo de o nosso parque industrial se preparar. Mas essa é uma oportunidade excepcional para a gente desenvolver a indústria naval brasileira. E eu acho que nós precisamos aproveitar esse petróleo, eu não discuti ainda com ninguém o que nós vamos fazer com o petróleo, que pertence à União. As áreas que não foram leiloadas ainda são da União.

GZM — O Brasil deveria criar uma nova empresa com monopólio total sobre as novas jazidas?

— Estou pensando seriamente nos investimentos que podemos fazer Sonho com a criação de um fundo para investir na educação neste pais. Outra coisa que penso é que o Brasil vive um momento tão excepcional que eu acho que a nossa oposição deveria ser mais construtiva. Achei bom o programa de TV do PSDB. Eles deveriam fazer na prática o que falaram na televisão. Fizeram até em branco e preto para parecer uma coisa antiga. Gostei muito. Mas eu queria que eles assistissem ao programa todo dia quando levantassem de manhã para ir para o Congresso.

GZM — Os tucanos são menos raivosos que o DEM.

— Acho que está provado que essa coisa da política raivosa não dá certo. Quando fui candidato em 1989 — se vocês pegarem aquela campanha, vocês vão perceber — eu nunca disse para o Sarney 1% do que o Collor disse. Eu tenho muito cuidado. Aqui no Brasil, muitas vezes, a insinuação, ou a ilação, prevalece sobre a verdade. Então isso é triste na política, porque uma ilação pode levar você a fazer 50 artigos acreditando naquilo, e depois, quando se prova que não é verdade, você não tem como dizer que estava errado. E como se você apenas fechasse uma página e tivesse vergonha de dizer: eu escrevi aquilo.

GZM — O senhor ainda se julga de esquerda?

— Eu cada vez mais sou mais torneiro mecânico, (risos) Nunca gostei de andar com rótulo na testa, que sou isso ou aquilo. Obviamente que todo mundo sabe da minha origem, da minha vida pública, e que eu me considero um homem de esquerda.

GZM — E corinthiano...

— Sofri muito quarta-feira à noite.

GZM — Mas o senhor não pode falar mal do Sport, porque se quiser ser candidato ao Senado por Pernambuco...

— Só um ato de insanidade me faria deixar sete meses a Presidência da República para ser candidato ao Senado. Este aqui é o cargo mais importante da Federação. Eu levei 12 anos para chegar aqui, por que vou deixar isso aqui para ser candidato ao Senado?

GZM — O senhor ainda é jovem...

— Vou deixar a Presidência com 64 anos de idade. Obviamente que para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy Gonçalves e o Oscar Niemeyer. Quero chegar a essa idade, com o prestígio do Oscar Niemeyer e com a peraltice da Dercy Gonçalves. Eu a vi um dia desses na televisão, ela fala todas as bobagens que um ser humano tem direito. Obviamente que vou deixar a presidência aos 64 anos de idade e que nunca vou desistir da política. Eu também não quero voltar ao poder, não quero a voltar a dirigir o partido, não está mais na minha cabeça. Vou viajar pelo Brasil, gosto deste país, vou conhecer cada vez mais por dentro este país. E não tenho pretensões de dar palpites, quem quer que seja que esteja aqui, não ouvirá da minha boca nenhum palpite sobre qualquer que seja sua decisão. Na minha filosofia, rei morto, rei posto.

GZM — Mas nada impede que.o senhor volte. O senhor vai ser uma pessoa forte no país, de qualquer maneira.

— Não trabalho com a hipótese de volta. Se eu puder fazer um juramento: pela felicidade do meu filho caçula. Por que eu não trabalho com a possibilidade de voltar? Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão. Se eu eleger meu sucessor e ficar do lado de fora dando palpite, com poucos meses terei a pessoa que elegi como minha adversária. Como acontece em alguns países e como já aconteceu aqui. Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar a essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off. Qual é a hipótese de voltar? Se você estiver vivo ainda, se for um adversário que seja eleito. Trabalhar com essa hipótese é no mínimo mesquinharia elevada à quinta potência. Quando você passa por aqui, você tem que ser tão humilde e começar a imaginar que quem sentar aqui tem que fazer o máximo e o melhor que puder fazer, porque só assim o povo brasileiro vai ganhar. Então a gente não pode nunca torcer contra. O meu lema é o seguinte: dia primeiro de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República para alguém e vou para a minha casa conviver com a minha família. Não tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada - Gazeta Mercantil - 16/06/2008