quinta-feira, 14 de julho de 2011
Novos empregos pedem que funcionário invente, adapte e reinvente todos os dias
O aumento do índice de desemprego nos Estados Unidos para 9,2%, registrado no mês passado, fez com que democratas e republicanos voltassem, como era de se esperar, a receitar as suas respectivas curas para o problema. Para os liberais é evidente que nós precisamos de mais estímulos econômicos e para os conservadores que necessitamos de mais cortes de impostos para fazer com que aumente a demanda.
Eu tenho certeza que há verdade dos dois lados, mas não acredito que tudo se resuma a isso. Acredito que outra coisa, algo de novo – e que exigirá que os nossos filhos inventem o próximo emprego em vez de simplesmente encontrarem um próximo emprego – está também influenciando o atual mercado de trabalho mais do que as pessoas percebem.
Vejam as últimas notícias vindas do setor mais dinâmico da economia dos Estados Unidos – o Vale do Silício. O Facebook vale atualmente quase US$ 100 bilhões, o Twitter, US$ 8 bilhões, o Groupon, US$ 30 bilhões, o Zynga, US$ 20 bilhões e o LinkedIn, US$ 8 bilhões. Estas são as companhias de redes sociais da Internet de crescimento mais rápido do mundo, e este é o elemento assustador: é possível acomodar todos os funcionários dessas empresas, juntos, nas 20 mil cadeiras do estádio Madison Square Garden, e ainda sobraria espaço. Elas simplesmente não empregam muita gente, comparativamente ao seu valor de mercado, e embora todas essas companhias estejam atualmente contratando pessoal, elas estão em sua maioria procurando engenheiros talentosos.
De fato, o mais surpreendente quando conversamos com os empregadores atuais é constatar como eles utilizaram as pressões criadas pela recessão para tornarem-se ainda mais produtivos com o uso de mais tecnologias de automatização, softwares, terceirização, robótica – tudo o que podem usar para fazer melhores produtos com redução de custos e de despesas com seguro saúde e pensões para trabalhadores. Isso não vai mudar
E, embora muitas delas estejam contratando, elas estão cada vez mais seletivas. Todas estão procurando o mesmo tipo de pessoa – gente que conte não só com capacidade de pensamento crítico para desempenhar os trabalhos de agregação de valor que não podem ser realizados pelos instrumentos tecnológicos, mas que seja também capaz de inventar, adaptar e reinventar os seus trabalhos todos os dias, em um mercado que se modifica mais rapidamente do que nunca.
Os jovens que estão se formando na universidade precisam saber que a tendência crescente no Vale do Silício é avaliar os funcionários todo trimestre, e não apenas uma vez por ano. Isso porque a mistura de globalização e revolução na área de tecnologia de informação significa que os novos produtos estão sendo retirados de linha tão rapidamente que as companhias não podem mais esperar até o final do ano para descobrir se um chefe de equipe está fazendo um bom trabalho.
Quem estiver se candidatando a um emprego atualmente pode ter certeza de que o empregador está perguntando o seguinte: esta pessoa é capaz de agregar valor a toda hora, todos os dias – mais do que um trabalhador na Índia, um robô ou um computador? Será que ela pode ajudar a minha companhia a adaptar-se, não só fazendo o trabalho de hoje, mas também reinventando o trabalho de amanhã? E ela poderia se adaptar a tanta mudança, de forma que a minha companhia fosse capaz de se adaptar e de exportar mais nos mercados globais que estão crescendo com rapidez cada vez maior? No hiperconectado mundo de hoje, uma quantidade cada vez maior de companhias não pode contratar e não contratará pessoa que não sejam capazes de atender a esses requisitos.
Mas quem escutar o debate que está em andamento em Washington jamais saberá disso, já que alguns democratas ainda falam sobre a criação de empregos como se nós estivéssemos na década de sessenta e alguns republicanos como se estivéssemos nos anos oitenta. Mas este não é o mercado de trabalho dos nossos pais.
For precisamente por causa disso que o criador do LinkedIn, Reid Garrett Hoffman, um dos principais donos de novas companhias do Vale do Silício (além de cofundador do LinkedIn ele faz parte da diretoria do Zynga, foi um dos primeiros investidores do Facebook e integra a diretoria da Mozilla), lançará um livro, após o Ano Novo, chamado “The Start-Up of You”, com coautoria de Ben Casnocha. O subtítulo do livro poderia ser: “Ei, recém-formados! Ei, profissionais de 35 anos em meio de carreira! Eis aqui como construir a sua carreira nos dias de hoje”.
Hoffman argumenta que os profissionais precisam de uma mentalidade e de habilidades inteiramente novas para competir. “O antigo paradigma de ascender na hierarquia de uma carreira está morto”, me disse ele. “Nenhuma carreira é mais uma coisa garantida. A incerteza, as condições que mudam rapidamente e nas quais os empresários criam companhias são os fatores atualmente comuns a todos nós que estamos pensando em criar uma carreira. Portanto, é precisa abordar estratégias de carreira da mesma forma que um empresário aborda o processo de criação de um negócio”.
Para começar, diz Hoffman, isso significa descartar um grande plano para toda a vida. Os empresários não redigem um plano de negócios de cem páginas e o executam de uma só vez; eles estão sempre fazendo experiências e se adaptando com base naquilo que aprendem.
Isso também significa usar redes pessoais para buscar informações sobre onde estão as oportunidades de crescimento – e, a seguir, investir em si próprio para criar as habilidades que permitirão ao indivíduo aproveitar essas oportunidades. Hoffman acrescenta: “Não se pode apenas dizer, 'Eu tenho um diploma universitário, tenho direito a um emprego, agora alguém tem que descobrir como me contratar e treinar'”. O profissional precisa saber quais são os setores que estão prosperando e o que está acontecendo nessas indústrias e, a seguir, “encontrar uma forma de agregar valor de um jeito que ninguém mais seja capaz de agregar. Para os empresários, a regra é diferenciar-se ou morrer – e isso agora vale para todos nós”.
Finalmente, é necessário fortalecer a resistência e ter paciência. “Você pode ter lido na semana passada a notícia de que o serviço de rádio online Pandora estava fazendo oferta pública de ações”, diz Hoffman. “O que menos gente sabe é que no início do seu projeto, o fundador da empresa apresentou a sua ideia mais de 300 vezes a investidores de capital de risco, e não teve sucesso”.
Thomas L. Friedman - Colunista de assuntos internacionais do New York Times
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